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Controladores têm culpa em colisão aérea, conclui relator da CPI
Em depoimento, sargentos afirmaram que controle aéreo tem falhas e induz ao erro
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após um depoimento sumário no qual controladores envolvidos no acidente com o vôo
1907 negaram ter cometido algum erro, o relator da CPI do
Apagão Aéreo no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO),
concluiu que eles têm culpa pela colisão entre o jato Legacy da
ExcelAire e o Boeing da Gol,
que deixou 154 mortos em 29
de setembro de 2006.
O senador afirmou que o sargento Jomarcelo dos Santos,
27, cometeu a "falha decisiva" e
"mais grave" por não orientar
os pilotos do Legacy a mudar de
altitude, mas disse não acreditar que houve dolo (intenção),
conforme denúncia feita pelo
Ministério Público à Justiça na
sexta-feira.
Este foi o primeiro depoimento público de três dos quatro controladores do Cindacta-1 (Brasília) acusados pelo acidente. Além de Santos, a CPI
ouviu os sargentos Lucivando
de Alencar, 28, e Leandro Barros, 27, denunciados por crime
culposo (sem intenção). Os três
afirmaram que o sistema de
controle aéreo tem falhas, induz ao erro e não é confiável.
Para Demóstenes, as falhas
do sistema existem e serão investigadas. "Neste caso, embora o sistema seja falho, a causa
foi o fator humano. Eu não tenho dúvida de que a falha mais
grave foi do Jomarcelo."
"Não admito"
Com respostas curtas, Santos
disse que acreditou que o Legacy voava no nível de 36 mil
pés, quando na realidade estava
em 37 mil pés (em rota de colisão com o Boeing da Gol). "A informação que eu tinha a partir
de Brasília é que ele já estaria
no 360. Eu não tinha por que
pedir para descer", afirmou.
"Eu tenho que confiar na informação que eu tenho. Não tinha
por que questionar."
A explicação não convenceu
o relator porque o piloto informou que o jato estava a 37 mil
pés minutos antes de cruzar
por Brasília. Além disso, como
o transponder (aparelho anticolisão e que permite comunicação precisa com radares em
terra) só ficou inoperante sete
minutos depois de o jato passar
por Brasília, por esse período
era possível verificar a altitude.
Questionado se admitia falhas, Santos respondeu: "Não
admito". Afastado da função
desde o acidente, ele hoje trabalha na sala de planos de vôo.
Aviso
Outra falha sobre a qual os
controladores foram interrogados foi a falta de aviso -obrigatório, pelo manual do setor-
para o centro de Manaus de que
o Legacy seguia sem transponder e com comunicação falha.
Diante da pergunta, Alencar
afirmou quer assumiu o posto
na troca de turno e foi informado de que o Legacy estava no nível 360 por Santos. "Em cima
da informação de altitude correta, não teria por que fazer um
procedimento de emergência
ou outra atitude especial. A informação que eu tinha era 360
para o Legacy e 370 para o Gol."
Alencar admitiu ter percebido a falha no transponder, mas
não conseguiu contato por rádio com o Legacy. Não se preocupou porque o jato ia entrar
numa área sem radar, portanto
valeria a informação de altitude
previamente confirmada.
Leandro Barros, que "passou" à central em Manaus, com
informação errada de altitude,
o jato, quase não falou.
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