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Simulação poderia ter mais mortos, diz PM de Mato Grosso
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Polícia Militar de Mato
Grosso admitiu ontem que o
número de vítimas poderia ter
sido maior durante a simulação
de seqüestro de um ônibus em
Rondonópolis (219 km de Cuiabá), no sábado. O adolescente
Luiz Henrique Dias Bulhões,
13, foi morto com um tiro na cabeça e dez pessoas -seis delas
crianças- ficaram feridas.
Em vez de balas de festim, ao
menos uma das três escopetas
calibre 12, usadas na simulação
de resgate, tinha munição verdadeira. A simulação ocorreu
durante um mutirão de serviços promovido pela prefeitura.
"Imagine o estrago que poderia ter sido feito se todas as armas estivessem com munição
verdadeira", afirmou o corregedor da PM, coronel Raimundo
Francisco de Souza, que aponta
falha grave dos policiais por
não terem checado a munição.
As três escopetas, juntas, estavam com 18 cartuchos. Os tiros foram disparados por três
policiais que simularam invadir o ônibus. Sabe-se que o PM
mais à frente atirou seis vezes.
"No total podem ter sido 12, 15
disparos", disse o coronel.
Os policiais atiraram contra
alvos de papel fixados no ônibus. As balas atingiram o público. "Quando as crianças caíram,
o pessoal aplaudiu pensando
que fazia parte da simulação do
evento", disse o governador do
Estado, Blairo Maggi (PR), que
acompanha a investigação.
Dentro do veículo estavam
outros dois policiais que fingiam ser seqüestrador e vítima.
O sexto policial entrou no ônibus com algemas. O sétimo estava em uma árvore com um fuzil calibre 762 e deu três tiros.
As três escopetas e o fuzil,
além do ônibus, foram apreendidos para perícia da Polícia Civil. O laudo deve apontar quantas armas estavam com munição de verdade e de qual delas
saiu o tiro que matou o menino.
Oito policiais, incluindo um
tenente, foram afastados. A Polícia Civil abriu inquérito. "Os
policiais dizem que acreditavam que todas as armas estavam com balas de festim. Houve negligência", disse o delegado João Pessoa Filho.
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