São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Simulação poderia ter mais mortos, diz PM de Mato Grosso

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Militar de Mato Grosso admitiu ontem que o número de vítimas poderia ter sido maior durante a simulação de seqüestro de um ônibus em Rondonópolis (219 km de Cuiabá), no sábado. O adolescente Luiz Henrique Dias Bulhões, 13, foi morto com um tiro na cabeça e dez pessoas -seis delas crianças- ficaram feridas.
Em vez de balas de festim, ao menos uma das três escopetas calibre 12, usadas na simulação de resgate, tinha munição verdadeira. A simulação ocorreu durante um mutirão de serviços promovido pela prefeitura.
"Imagine o estrago que poderia ter sido feito se todas as armas estivessem com munição verdadeira", afirmou o corregedor da PM, coronel Raimundo Francisco de Souza, que aponta falha grave dos policiais por não terem checado a munição.
As três escopetas, juntas, estavam com 18 cartuchos. Os tiros foram disparados por três policiais que simularam invadir o ônibus. Sabe-se que o PM mais à frente atirou seis vezes. "No total podem ter sido 12, 15 disparos", disse o coronel.
Os policiais atiraram contra alvos de papel fixados no ônibus. As balas atingiram o público. "Quando as crianças caíram, o pessoal aplaudiu pensando que fazia parte da simulação do evento", disse o governador do Estado, Blairo Maggi (PR), que acompanha a investigação.
Dentro do veículo estavam outros dois policiais que fingiam ser seqüestrador e vítima. O sexto policial entrou no ônibus com algemas. O sétimo estava em uma árvore com um fuzil calibre 762 e deu três tiros.
As três escopetas e o fuzil, além do ônibus, foram apreendidos para perícia da Polícia Civil. O laudo deve apontar quantas armas estavam com munição de verdade e de qual delas saiu o tiro que matou o menino.
Oito policiais, incluindo um tenente, foram afastados. A Polícia Civil abriu inquérito. "Os policiais dizem que acreditavam que todas as armas estavam com balas de festim. Houve negligência", disse o delegado João Pessoa Filho.


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