São Paulo, sexta-feira, 29 de maio de 2009

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PF prende suspeitos de clonar cartões

76 pessoas foram presas na Operação Trilha, a maior de 2009, que também descobriu fraudes financeiras pela internet

Federação Nacional de Bancos estima que entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão sejam desviados por fraude na internet anualmente

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na maior operação realizada neste ano, a Polícia Federal desbaratou ontem em 12 Estados mais o Distrito Federal, 15 grupos criminosos que atuavam -eventualmente de forma interligada- na clonagem de cartões de crédito e cheques, além de cometerem fraudes financeiras via internet.
A 12ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal autorizou o cumprimento de 136 mandados de busca e apreensão e 139 mandados de prisão.
Até a conclusão desta edição, 76 pessoas -a maioria jovens de classe média entre 20 e 30 anos de idade- tinham sido presas. Inclusive um brasileiro, residente no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos, detido com a colaboração do FBI (equivalente norte-americana da Polícia Federal).
Foram apreendidos computadores, equipamentos de informática e veículos de alto padrão. De acordo com a PF, mais de 650 homens participaram da operação, que foi intitulada de Trilha.
A Polícia Federal ainda não sabe estimar o valor total da fraude cometida. A Febraban (Federação Nacional de Bancos), contudo, estima que, por ano, entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão sejam desviados por fraude na internet.
Segundo Disney Rosseti, chefe da PF no Distrito Federal, um dos grupos investigados, que era monitorado, chegou a desviar R$ 1 milhão em um único mês. Praticamente todos os bancos foram lesados.
"Essa é uma nova modalidade de assalto a banco, mas sem os riscos tradicionais. Um dos presos chegou a dizer: "trabalhar para quê, se consigo o dinheiro mais fácil do mundo'", afirmou Rosseti.
As investigações da PF começaram há cerca de um ano, monitorando pessoas que estavam envolvidas com o tráfico de drogas e que acabaram migrando para o crime cibernético. Ainda de acordo com a instituição, os criminosos fraudavam para "esbanjar dinheiro". Mais da metade deles é reincidente em algum tipo de crime.
Os cartões de crédito eram clonados por meio de máquinas que eram instaladas em caixas bancários. Já os cheques eram copiados em gráficas -um dos locais onde a PF cumpriu mandado de busca e apreensão em São Paulo. As senhas de correntistas eram obtidas na internet por meio de vírus espalhados por e-mail.
Dos presos, seis foram considerados "indispensáveis" para o esquema, já que agiam como programadores dos sistemas de fraude. "Eles estão acima dos hackers", contou Rosseti.
A polícia também identificou 1.500 pessoas que atuavam como "laranjas", emprestando seus dados bancários, mediante compensação financeira, para receber o dinheiro desviado. Eles também serão indiciados, e vão responder, junto aos demais, pelos crimes de formação de quadrilha, furto qualificado mediante fraude, tentativa de furto e estelionato.


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