São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Empresas reduzem coleta seletiva e misturam o lixo

Redução ocorre porque cooperativas não conseguem processar material

Sem ter onde deixar o lixo reciclável, empresas o recolhem junto ao comum; prefeitura admite falha

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A coleta seletiva de lixo foi reduzida na cidade de São Paulo porque as 17 cooperativas de catadores conveniadas com a prefeitura não têm conseguido processar todo o material recebido.
Assim, latas, papéis e outros produtos recicláveis, separados pelos moradores, vão parar nos aterros, misturados ao lixo comum.
Os caminhões especiais da coleta seletiva chegam a recolher o lixo nas casas e depois estacionar em frente às cooperativas. Esperam horas para descarregar e, algumas vezes, retornam lotados para as garagens.
A consequência são menos desses caminhões especiais nas ruas e, com isso, lixo reciclado recolhido pelos veículos comuns, misturado ao lixo não separado.
Em média, as empresas Loga e Ecourbis recolhem 120 toneladas de lixo reciclável por dia contra um total de 9 mil toneladas de lixo residencial comum.
Nas cooperativas, os catadores separam, limpam e embalam o material, que depois é revendido -num processo que leva tempo, o que limita a capacidade de receber mais descartes.
Até algumas semanas atrás, as empresas levavam o lixo da coleta seletiva diretamente para os aterros destinados ao lixo comum.
A prefeitura passou a proibir a entrada dos caminhões de lixo reciclável no aterro, o que não mudou em nada o problema.

FALHAS
Loga e Ecourbis confirmam que têm despejado lixo que foi separado para reciclagem em aterros.
A prefeitura admite que há falhas na coleta seletiva e diz que vai multar as empresas.
O problema ocorre na cidade inteira, segundo funcionários da Loga e cooperativas ouvidas pela reportagem. "Todo mundo está lotado", confirmou Jacy Cardoso, presidente da Cooperação, grupo de catadores da Vila Leopoldina (zona oeste).
Para a presidente, o problema se resolveria se mais cooperativas fossem conveniadas pela prefeitura. "Tinha que ter 62 cooperativas, duas por subprefeitura."
São Paulo tem 94 cooperativas de catadores de lixo, mas apenas 17 são credenciadas pelo município.
De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores, se todas as cooperativas fossem credenciadas, o número de pessoas envolvidas no processo saltaria de 1.000 para cerca de 4.000.
O movimento defende que a prefeitura credencie todas as cooperativas, como forma de resolver o problema.


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