São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

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Plano Diretor perde foco e ganha bate-boca

Primeiras audiências regionais para debater revisão proposta por Kassab têm discussões entre vereadores e entidades

Encontros em Itaquera e Interlagos reúnem cerca de 500 pessoas, mas debate é prejudicado por temas que são estranhos ao projeto

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com bom público, a série de audiências regionais para debater a revisão do Plano Diretor de São Paulo, proposta pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), começou no final de semana marcada por discussões fora de foco e por bate-bocas entre vereadores e membros de entidades da sociedade civil.
As audiências estão sendo organizadas pela Câmara e têm o objetivo de ouvir a população. Abertas ao público, elas reuniram cerca de 500 pessoas entre as manhãs de sábado (em Itaquera, na zona leste) e domingo (em Interlagos, zona sul). Mais de 50 se inscreveram para falar ao microfone, na maioria, representantes de associações.
Sem explicação mais clara de que o enquadramento de bairros e ruas nas zonas criadas só acontecerão depois da aprovação da revisão do plano -por meio de alterações na lei de zoneamento-, houve debate sobre temas que não serão tratados no projeto em discussão.
Com faixa e militantes uniformizados, o movimento São Benedito Legal pedia que a rua São Benedito, no Alto da Boa Vista, zona sul, não seja apenas residencial. Questões como essa não serão discutidas agora.
O Plano Diretor tem um caráter mais conceitual. Aprovado em 2002, ele pode definir, por exemplo, que a cidade tenha uma modalidade de zona "exclusivamente residencial de proteção ambiental". Só no novo zoneamento, no entanto, que acontecerá após a revisão, é que se definirá qual área estará sob abrangência de qual zona.
Entre as propostas mais relacionadas à revisão, houve pedidos para que áreas de interesse ambiental não atrapalhem projetos de moradia popular.
As sessões continuam hoje no Sesc Consolação, no centro (veja quadro nesta página). Além das cinco audiências regionais -as outras duas serão em Pinheiros e Santana-, haverá, a partir de agosto, mais 31, uma em cada subprefeitura.

Bate-boca
Pessoas contrárias à revisão do plano pediram o microfone para atacar a proposta -a maioria para criticar a revisão de um projeto que sequer foi totalmente implantado. Outros criticam a proposta por permitir um maior adensamento e uma maior verticalização da cidade, o que atenderia aos interesses do setor imobiliário.
Houve várias discussões entre membros de entidade e vereadores e até entre parlamentares favoráveis e contrários ao projeto. No sábado, em Itaquera, durante audiência que durou quase cinco horas, representante do movimento Defenda São Paulo disse que se trata de "um novo plano", e não de revisão, e questionou a quais "interesses" ele serviria.
Carlos Apolinário (DEM) levantou a voz após a sugestão de que o trabalho dos vereadores é influenciado pelo fato de terem recebido doações do setor imobiliário na eleição. "Falam: "Vocês receberam dinheiro. Estão aqui a serviço de quem?" (...) Então todo mundo é desonesto? Os deputados federais que receberam das mesmas entidades e construtoras também são? Parem de brincadeira. Venham trazer proposta."


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