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Plano Diretor perde foco e ganha bate-boca
Primeiras audiências regionais para debater revisão proposta por Kassab têm discussões entre vereadores e entidades
Encontros em Itaquera e Interlagos reúnem cerca de 500 pessoas, mas debate é prejudicado por temas que são estranhos ao projeto
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com bom público, a série de
audiências regionais para debater a revisão do Plano Diretor
de São Paulo, proposta pelo
prefeito Gilberto Kassab
(DEM), começou no final de semana marcada por discussões
fora de foco e por bate-bocas
entre vereadores e membros de
entidades da sociedade civil.
As audiências estão sendo organizadas pela Câmara e têm o
objetivo de ouvir a população.
Abertas ao público, elas reuniram cerca de 500 pessoas entre
as manhãs de sábado (em Itaquera, na zona leste) e domingo
(em Interlagos, zona sul). Mais
de 50 se inscreveram para falar
ao microfone, na maioria, representantes de associações.
Sem explicação mais clara de
que o enquadramento de bairros e ruas nas zonas criadas só
acontecerão depois da aprovação da revisão do plano -por
meio de alterações na lei de zoneamento-, houve debate sobre temas que não serão tratados no projeto em discussão.
Com faixa e militantes uniformizados, o movimento São
Benedito Legal pedia que a rua
São Benedito, no Alto da Boa
Vista, zona sul, não seja apenas
residencial. Questões como essa não serão discutidas agora.
O Plano Diretor tem um caráter mais conceitual. Aprovado em 2002, ele pode definir,
por exemplo, que a cidade tenha uma modalidade de zona
"exclusivamente residencial de
proteção ambiental". Só no novo zoneamento, no entanto,
que acontecerá após a revisão, é
que se definirá qual área estará
sob abrangência de qual zona.
Entre as propostas mais relacionadas à revisão, houve pedidos para que áreas de interesse
ambiental não atrapalhem projetos de moradia popular.
As sessões continuam hoje
no Sesc Consolação, no centro
(veja quadro nesta página).
Além das cinco audiências regionais -as outras duas serão
em Pinheiros e Santana-, haverá, a partir de agosto, mais 31,
uma em cada subprefeitura.
Bate-boca
Pessoas contrárias à revisão
do plano pediram o microfone
para atacar a proposta -a
maioria para criticar a revisão
de um projeto que sequer foi
totalmente implantado. Outros
criticam a proposta por permitir um maior adensamento e
uma maior verticalização da cidade, o que atenderia aos interesses do setor imobiliário.
Houve várias discussões entre membros de entidade e vereadores e até entre parlamentares favoráveis e contrários ao
projeto. No sábado, em Itaquera, durante audiência que durou quase cinco horas, representante do movimento Defenda São Paulo disse que se trata
de "um novo plano", e não de
revisão, e questionou a quais
"interesses" ele serviria.
Carlos Apolinário (DEM) levantou a voz após a sugestão de
que o trabalho dos vereadores é
influenciado pelo fato de terem
recebido doações do setor imobiliário na eleição. "Falam: "Vocês receberam dinheiro. Estão
aqui a serviço de quem?" (...)
Então todo mundo é desonesto? Os deputados federais que
receberam das mesmas entidades e construtoras também
são? Parem de brincadeira. Venham trazer proposta."
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