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Deputados querem explicação do governo
DA REPORTAGEM LOCAL
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia de São Paulo
irá cobrar explicações do secretário da Segurança Pública sobre as
operações do Gradi/PM e a atual
política de inteligência do Estado.
Hoje, o presidente da comissão,
deputado Renato Simões (PT),
deve fazer o convite oficial para
marcar a data do encontro, que
deve acontecer em agosto, após o
fim do recesso parlamentar.
""O Gradi virou um aparelho ilegal, contrário à sua finalidade original [investigar crimes de intolerância" e contrário à lei", afirmou.
Para o deputado, a principal falha do Gradi está em sua criação:
por não ser uma delegacia, não
pode abrir inquéritos em suas investigações. É no acompanhamento desse procedimento de
apuração que agem os mecanismos de controle legais, como o
exercido pelos promotores.
Ontem, por meio de sua assessoria, o secretário Saulo de Castro
Abreu Filho não quis confirmar se
aceitará o convite. A comissão pode convocá-lo oficialmente, caso
ele se recuse a comparecer.
Para deputados federais e estaduais e representantes de entidades de direitos humanos ouvidos
pela Folha, o recrutamento de
presos condenados pela PM representa um retrocesso na política de segurança pública.
Nas comparações com períodos
anteriores, foram citados os desmandos na época da ditadura militar, as atividades do esquadrão
da morte -policiais que assassinavam supostos criminosos na
década de 70- e a colaboração de
criminosos no combate a gângsteres norte-americanos, na década de 30.
"É o esquadrão da morte institucionalizado", disse o deputado
federal Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP), membro da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados.
Para o deputado, a ação policial
clandestina da polícia contra organizações criminosas abre um
precedente perigoso. "O próximo
alvo desses ações podem ser as
atividades políticas, como acontecia na época da ditadura."
O coordenador estadual do Movimento Nacional dos Direitos
Humanos, Ariel de Castro Alves,
afirma que o descontrole das
ações policiais pode resultar na
formação de um possível grupo
de extermínio. "A informação é
estarrecedora. O Estado não pode
agir criminalmente para combater o crime", disse.
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados, Orlando Fantazini, comparou a infiltração de presos pela PM à parceria entre criminosos e a polícia na caça aos
gângsteres norte-americanos. "O
caso sinaliza o total desespero do
governo do Estado. O governo
não pode brincar de polícia."
O deputado federal Marcos Rolim (PT-RS), outro membro da
comissão, defendeu ontem uma
investigação pelo Congresso. ""O
que nos garante que essa estrutura não está sendo usada por organizações criminosas?"
Parlamentares acreditam que
seria mais eficaz a abertura de
uma CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) para investigar o
serviço de inteligência do que esperar uma apuração da polícia.
Porém, reconhecem que é praticamente impossível o processo
em um ano de eleições.
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