São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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RIO

Medida foi tomada após sucessivas acusações de ligação de policiais com crimes; secretário alegou problemas no policiamento

Garotinho exonera comandante-geral da PM

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Depois das sucessivas acusações de envolvimento de policiais militares em crimes nos últimos dias, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Anthony Garotinho, exonerou ontem o comandante-geral da PM (Polícia Militar), coronel Renato Hottz.
O substituto de Hottz, coronel Hudson Aguiar de Miranda, 51, assume hoje o cargo, embora a posse formal esteja marcada para as 12h de sábado. O secretário não descartou novas mudanças na cúpula da polícia.
A Folha tentou ouvir Hottz sobre a exoneração. Segundo o tenente-coronel Aristeu Leonardo, assessor da PM, o comandante não daria entrevista.
Garotinho disse que a saída de Hottz não tem relação com o suposto envolvimento de PMs com crimes, mas com deficiências no policiamento nas ruas da região metropolitana.
Segundo o secretário, o Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel), batalhão responsável pelo patrulhamento ostensivo, não tem conseguido impedir os bloqueios de ruas por criminosos -falsa blitz, no jargão da polícia-, principalmente à noite.
"O Getam não está cumprindo corretamente a finalidade para a qual foi criado", declarou.
Apesar de Garotinho negar que a substituição se deva a questões disciplinares, o novo comandante da PM trabalhava na Inspetoria-Geral de Polícia, órgão criado em outubro de 2003 com o objetivo de investigar crimes de policiais.
Além disso, o novo chefe do Estado Maior -segundo cargo na hierarquia da corporação- será o coronel Claudecir Ribeiro da Silva, que era o corregedor da PM. Ele substitui o coronel Carlos Alberto Guedes, que sai com Hottz.
A situação de Hottz se complicou após as últimas acusações contra PMs. Na semana passada, a polícia descobriu que policiais do 22º Batalhão (complexo da Maré, zona norte) poderiam estar ligados ao seqüestro e à morte do comerciante Mário Jorge Ferreira, cujo corpo foi achado na favela Cidade de Deus (zona oeste).
O assassinato começou a ser investigado pela polícia depois que uma câmera interna de um shopping filmou, no dia 3 de junho, o comerciante sendo seqüestrado por dois homens. O corpo de Ferreira foi achado dois dias depois.
Outros episódios que enfraqueceram Hottz foram as acusações de que policiais de três batalhões -15º (Duque de Caxias, Baixada Fluminense), 20º (Mesquita, Baixada Fluminense) e RPMont (Regimento de Polícia Montada)- estariam recebendo propinas de motoristas de peruas e de Kombis. O comandante do 15º Batalhão, tenente-coronel Hiran de Carvalho, foi exonerado.
O coronel Hudson Aguiar de Miranda afirmou ter ficado surpreso com a sua indicação. Ele está há 32 anos na PM. Foi comandante do Batalhão de Polícia Rodoviária e do setor de inteligência da corporação.


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