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RIO
Medida foi tomada após sucessivas acusações de ligação de policiais com crimes; secretário alegou problemas no policiamento
Garotinho exonera comandante-geral da PM
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Depois das sucessivas acusações
de envolvimento de policiais militares em crimes nos últimos dias,
o secretário de Segurança Pública
do Estado do Rio, Anthony Garotinho, exonerou ontem o comandante-geral da PM (Polícia Militar), coronel Renato Hottz.
O substituto de Hottz, coronel
Hudson Aguiar de Miranda, 51,
assume hoje o cargo, embora a
posse formal esteja marcada para
as 12h de sábado. O secretário não
descartou novas mudanças na cúpula da polícia.
A Folha tentou ouvir Hottz sobre a exoneração. Segundo o tenente-coronel Aristeu Leonardo,
assessor da PM, o comandante
não daria entrevista.
Garotinho disse que a saída de
Hottz não tem relação com o suposto envolvimento de PMs com
crimes, mas com deficiências no
policiamento nas ruas da região
metropolitana.
Segundo o secretário, o Getam
(Grupamento Especial Tático-Móvel), batalhão responsável pelo patrulhamento ostensivo, não
tem conseguido impedir os bloqueios de ruas por criminosos
-falsa blitz, no jargão da polícia-, principalmente à noite.
"O Getam não está cumprindo
corretamente a finalidade para a
qual foi criado", declarou.
Apesar de Garotinho negar que
a substituição se deva a questões
disciplinares, o novo comandante
da PM trabalhava na Inspetoria-Geral de Polícia, órgão criado em
outubro de 2003 com o objetivo
de investigar crimes de policiais.
Além disso, o novo chefe do Estado Maior -segundo cargo na
hierarquia da corporação- será
o coronel Claudecir Ribeiro da
Silva, que era o corregedor da PM.
Ele substitui o coronel Carlos Alberto Guedes, que sai com Hottz.
A situação de Hottz se complicou após as últimas acusações
contra PMs. Na semana passada,
a polícia descobriu que policiais
do 22º Batalhão (complexo da
Maré, zona norte) poderiam estar
ligados ao seqüestro e à morte do
comerciante Mário Jorge Ferreira,
cujo corpo foi achado na favela
Cidade de Deus (zona oeste).
O assassinato começou a ser investigado pela polícia depois que
uma câmera interna de um shopping filmou, no dia 3 de junho, o
comerciante sendo seqüestrado
por dois homens. O corpo de Ferreira foi achado dois dias depois.
Outros episódios que enfraqueceram Hottz foram as acusações
de que policiais de três batalhões
-15º (Duque de Caxias, Baixada
Fluminense), 20º (Mesquita, Baixada Fluminense) e RPMont (Regimento de Polícia Montada)-
estariam recebendo propinas de
motoristas de peruas e de Kombis. O comandante do 15º Batalhão, tenente-coronel Hiran de
Carvalho, foi exonerado.
O coronel Hudson Aguiar de
Miranda afirmou ter ficado surpreso com a sua indicação. Ele está há 32 anos na PM. Foi comandante do Batalhão de Polícia Rodoviária e do setor de inteligência
da corporação.
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