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Kassab anuncia aumento salarial a 65 dias da eleição
Projeto, que depende de aprovação da Câmara Municipal, cria gratificações para 53 mil professores da rede de ensino
Valor não será incorporado ao salário-base nem à aposentadoria; sindicatos criticam projeto, que não contempla funcionários
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A cerca de dois meses da eleição, o prefeito Gilberto Kassab
(PFL) anunciou ontem que
pretende criar gratificações
que irão aumentar entre 9,81%
e 54,29% os salários dos professores da rede municipal de ensino. A proposta ainda depende
de aprovação da Câmara Municipal. A última vez que a prefeitura deu um aumento real à categoria foi em 2002, coincidentemente um ano de eleições para presidente e governador.
Kassab assumiu a prefeitura
no lugar de José Serra (PSDB),
que está concorrendo ao governo do Estado. Seu partido, o
PFL, apóia a candidatura de
Serra e também do ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência.
A prefeitura está propondo a
incorporação de dois tipos de
gratificação ao salário-base da
categoria, que não sofrerá alteração. De acordo com o anúncio feito ontem, cerca de 53 mil
professores passarão a receber
todo mês um abono, chamado
de gratificação de regência, que
irá variar de R$ 100 a R$ 450
(depende da formação do professor e de sua jornada de trabalho), além do salário-base.
Assim, um professor com licenciatura plena (que pode lecionar para qualquer série;
mais de 70% da rede está nessa
categoria) que trabalhe 30 horas por semana, por exemplo,
receberá o salário-base de R$
923,56, mais a gratificação de
regência de R$ 325, o que dará
R$ 1.248,56 por mês.
Além da gratificação de regência, a prefeitura está criando uma segunda gratificação,
chamada de garantia de piso
mínimo. Ou seja, professores
com magistério, independentemente da jornada de trabalho,
receberão no mínimo R$ 700;
os com licenciatura curta (só
podem dar aula para o ensino
fundamental), R$ 800 e os com
licenciatura plena, R$ 950.
Com isso, os de licenciatura
plena que trabalham 20 horas
por semana passarão a ganhar
R$ 950 da seguinte forma: R$
615,71 do salário-base, mais R$
200 da gratificação de regência,
mais R$ 134,29 da complementação do piso mínimo, o que
equivale a um aumento de
54,29%. Se descontado o IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor) de 2005 até junho de
2006, que foi de 7,31%, o aumento real fica em 46,98%, segundo a prefeitura.
As gratificações, no entanto,
não serão incorporadas à aposentadoria nem serão dadas aos
inativos (aposentados e licenciados), segundo o projeto. Elas
também não atingem os funcionários que trabalham na Secretaria da Educação.
A proposta de aumento apresentada pela prefeitura ontem
é exatamente a mesma que a
Secretaria Municipal de Gestão
fez à categoria na quarta-feira .
Os sindicados de professores e
funcionários não gostaram do
projeto e dizem que continuarão em negociação. A principal
crítica é justamente por ele não
contemplar aposentados e funcionários.
"Precisamos de reajuste para
toda a categoria, para ativos e
inativos, não de gratificações
que não são incorporadas à
aposentadoria", diz a vice-presidente da Aprofem (um dos
sindicatos da rede), Margarida
Prado Genofre. Já o presidente
de outro sindicato, o Sinpeem,
Cláudio Fonseca, afirma que a
categoria vai analisar a proposta e pedir que alguns ajustes sejam feitos. "A proposta revela
que a prefeitura tem dinheiro.
Então, é preciso apenas melhorar a forma do aumento."
Mais gratificação
Desde 2002, quando ganhou
o último aumento real de 6%, a
categoria vinha recebendo apenas reajustes anuais de acordo
com a inflação e gratificações
esporádicas. No ano passado,
os professores receberam uma
Gratificação por Desempenho
Educacional de R$ 550. Neste
ano, deverão receber R$ 1.200
até o fim do ano, sendo que R$
400 já foram pagos em junho.
Se a proposta de Kassab for
aprovada pela Câmara, a prefeitura irá gastar neste ano R$ 158.256.101,95. Segundo o
vereador Arselino Tatto, líder
do PT, o projeto tem grande
chance de ser aprovado. "Vamos analisar direitinho como
são essas gratificações mas, a
princípio, os vereadores são
sempre favoráveis ao aumento
de verba para a educação."
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