São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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MEC passará a avaliar os cursos tecnológicos

Objetivo é dar mais respeitabilidade a esse tipo de graduação de curta duração

Alunos matriculados nesta modalidade representam somente 3,7% do total de estudantes no ensino de nível superior brasileiro


ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Os cursos tecnológicos -de nível superior, mas com curta duração- agora também serão avaliados pelo Ministério da Educação por meio do Enade (exame que substituiu o Provão). Isso passará a ser possível a partir do anúncio que o MEC fará nesta segunda, quando será divulgado um catálogo de denominações desses cursos.
A avaliação é mais uma tentativa do governo de fazer deslanchar uma modalidade de curso que ainda é vista com muita desconfiança por boa parte dos alunos e dos empregadores: os cursos de curta duração voltados para uma área de formação específica e com a finalidade de garantir inserção rápida no mercado de trabalho.
Segundo o ministério, o catálogo permitirá que mais de 1.300 denominações diferentes sejam convergidas, inicialmente, para 95. Em muitos casos, são cursos com nomes distintos, mas que preparam o mesmo perfil de profissional.
Os cursos tecnológicos passaram por um rápido crescimento, especialmente pela via privada, de 1998 a 2004. Nesse período, o número de matrículas aumentou 170%. Em 1998, eram 56.822 estudantes. Em 2004, passaram a ser 153.307. Esse total representa somente 3,7% do total de estudantes no ensino superior brasileiro.
"Nos Estados Unidos, o percentual de cursos de curta duração ultrapassa 40% do total do ensino superior. O mesmo acontece em vários países europeus. O país precisa de tecnólogos. Em áreas como turismo, agronomia ou informática, por exemplo, há carência de pessoal qualificado, mas, em virtude de o diploma nesses cursos nem sempre ter respeitabilidade pública, as empresas acabam preferindo contratar um profissional que tenha feito um curso tradicional", afirma o ministro Fernando Haddad.
A falta de receptividade do mercado a esse tipo de curso é clara quando se compara o percentual de vagas preenchidas nos últimos anos. Em 1998, era de 79%. Em 2004, caiu para 47% porque a oferta de vagas cresceu num ritmo maior do que a procura. Um exemplo disso ocorreu nesta semana, quando a PUC-SP cancelou sete dos seus dez novos cursos tecnológicos por falta de candidatos. Havia 1.050 vagas, mas apenas 295 foram preenchidas.
Especialistas divergem em relação à eficácia das novas medidas, mas concordam que há, no Brasil, uma cultura do bacharelado, que valoriza apenas o diploma de cursos tradicionais de graduação.
Para o consultor Carlos Monteiro, o controle da qualidade é necessário, mas depende de como será feito. "A idéia do MEC pode ser muito boa, mas há o risco de pasteurizar e inibir uma das principais características desses cursos, que é a capacidade de inovação."
Na avaliação de Maria Tereza Franzin, diretora de graduação do Centro Universitário Senac, a avaliação era necessária: "Há um grande desconhecimento por parte dos alunos e das empresas sobre o que significa essa modalidade de curso."


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