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MEC passará a avaliar os cursos tecnológicos
Objetivo é dar mais respeitabilidade a esse tipo de graduação de curta duração
Alunos matriculados nesta modalidade representam somente 3,7% do total
de estudantes no ensino de nível superior brasileiro
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Os cursos tecnológicos -de
nível superior, mas com curta
duração- agora também serão
avaliados pelo Ministério da
Educação por meio do Enade
(exame que substituiu o Provão). Isso passará a ser possível
a partir do anúncio que o MEC
fará nesta segunda, quando será divulgado um catálogo de denominações desses cursos.
A avaliação é mais uma tentativa do governo de fazer deslanchar uma modalidade de
curso que ainda é vista com
muita desconfiança por boa
parte dos alunos e dos empregadores: os cursos de curta duração voltados para uma área
de formação específica e com a
finalidade de garantir inserção
rápida no mercado de trabalho.
Segundo o ministério, o catálogo permitirá que mais de
1.300 denominações diferentes
sejam convergidas, inicialmente, para 95. Em muitos casos,
são cursos com nomes distintos, mas que preparam o mesmo perfil de profissional.
Os cursos tecnológicos passaram por um rápido crescimento, especialmente pela via
privada, de 1998 a 2004. Nesse
período, o número de matrículas aumentou 170%. Em 1998,
eram 56.822 estudantes. Em
2004, passaram a ser 153.307.
Esse total representa somente
3,7% do total de estudantes no
ensino superior brasileiro.
"Nos Estados Unidos, o percentual de cursos de curta duração ultrapassa 40% do total
do ensino superior. O mesmo
acontece em vários países europeus. O país precisa de tecnólogos. Em áreas como turismo,
agronomia ou informática, por
exemplo, há carência de pessoal qualificado, mas, em virtude de o diploma nesses cursos
nem sempre ter respeitabilidade pública, as empresas acabam
preferindo contratar um profissional que tenha feito um
curso tradicional", afirma o ministro Fernando Haddad.
A falta de receptividade do
mercado a esse tipo de curso é
clara quando se compara o percentual de vagas preenchidas
nos últimos anos. Em 1998, era
de 79%. Em 2004, caiu para
47% porque a oferta de vagas
cresceu num ritmo maior do
que a procura. Um exemplo
disso ocorreu nesta semana,
quando a PUC-SP cancelou sete dos seus dez novos cursos
tecnológicos por falta de candidatos. Havia 1.050 vagas, mas
apenas 295 foram preenchidas.
Especialistas divergem em
relação à eficácia das novas medidas, mas concordam que há,
no Brasil, uma cultura do bacharelado, que valoriza apenas
o diploma de cursos tradicionais de graduação.
Para o consultor Carlos
Monteiro, o controle da qualidade é necessário, mas depende de como será feito. "A idéia
do MEC pode ser muito boa,
mas há o risco de pasteurizar e
inibir uma das principais características desses cursos, que é a
capacidade de inovação."
Na avaliação de Maria Tereza
Franzin, diretora de graduação
do Centro Universitário Senac,
a avaliação era necessária: "Há
um grande desconhecimento
por parte dos alunos e das empresas sobre o que significa essa modalidade de curso."
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