São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pará registra surto do mal de Chagas, com 1 morte

16 pessoas estão contaminadas; todas beberam suco de uma fruta local

Hipótese é que o barbeiro, transmissor da doença, ou suas fezes tenham sido esmagados e misturados durante o preparo da bebida


THIAGO REIS
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Um surto de mal de Chagas deixou uma pessoa morta e pelo menos 16 contaminadas em uma vila de Santarém (1.431 km de Belém), no Pará. Todas as vítimas contraíram a forma aguda da enfermidade após ingerirem suco de bacaba -uma fruta típica da região.
Exames feitos no Instituto Evandro Chagas, na capital do Estado, confirmaram a doença. O caso teve início no dia 6 de junho, quando um casal da comunidade de Mojuí dos Campos -cerca de 40 km do centro de Santarém- internou-se em um hospital de Manaus (AM) -ambos com os sintomas da forma aguda da doença.
O homem morreu sem que pudesse ser feito um exame laboratorial. A mulher, que segue em observação, está contaminada com Chagas.
Investigação da DVS (Divisão de Vigilância em Saúde) do município revelou que outras pessoas da vila também estavam infectadas. Todas haviam bebido suco de bacaba na casa de uma moradora da região, que vende o produto. A família dela também foi infectada.
De acordo com o chefe da DVS, Jorge Heimar, o barbeiro ou suas fezes foram macerados no preparo da bebida.
O inseto é o vetor (hospedeiro intermediário) do protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença. Mamíferos (seres humanos, macacos, cães e gatos, entre outros) são os hospedeiros definitivos.
Segundo o Ministério da Saúde, duas colônias de barbeiros foram encontradas em palmeiras a 190 metros do local onde o alimento foi produzido.
O chefe do Núcleo de Endemias da Secretaria da Saúde do Pará, Bernardo Cardoso, disse que foram realizados mais de cem exames em Mojuí dos Campos. Ainda há casos pendentes. Os resultados devem sair em 30 dias. Ninguém corre risco de morte.
Para Cardoso, uma das possíveis causas para o surto é o desmatamento desordenado das florestas do Estado. "Isso está tirando o barbeiro de seu habitat natural", afirma.
No dia 9 de junho, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde um certificado de eliminação da transmissão da doença de Chagas pelo barbeiro "caseiro" (que vive dentro de buracos nas paredes de habitações precárias).
Segundo o Ministério da Saúde, insetos que invadiam as casas foram a principal forma de transmissão da doença. Entre 1975 e 1983, eram encontrados cerca de 20 mil barbeiros por ano principalmente em residências rurais.

Santa Catarina
Em Santa Catarina, três pessoas de uma mesma família morreram e outras 22 ficaram contaminadas com a doença de Chagas após beberem caldo de cana em um quiosque à beira da BR-101, em março do ano passado. A suspeita é que o inseto ou suas fezes tenham sido triturados com a cana.
Quase um ano e meio após o surto, parte dos quiosques que vendiam caldo de cana fechou.


Texto Anterior: MEC passará a avaliar os cursos tecnológicos
Próximo Texto: Maria-fumaça de 1867 volta hoje aos trilhos da Grande SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.