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Pará registra surto do mal de Chagas, com 1 morte
16 pessoas estão contaminadas; todas beberam suco de uma fruta local
Hipótese é que o barbeiro, transmissor da doença, ou suas fezes tenham sido esmagados e misturados durante o preparo da bebida
THIAGO REIS
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
Um surto de mal de Chagas
deixou uma pessoa morta e pelo menos 16 contaminadas em
uma vila de Santarém (1.431 km
de Belém), no Pará. Todas as vítimas contraíram a forma aguda da enfermidade após ingerirem suco de bacaba -uma fruta
típica da região.
Exames feitos no Instituto
Evandro Chagas, na capital do
Estado, confirmaram a doença.
O caso teve início no dia 6 de junho, quando um casal da comunidade de Mojuí dos Campos
-cerca de 40 km do centro de
Santarém- internou-se em um
hospital de Manaus (AM)
-ambos com os sintomas da
forma aguda da doença.
O homem morreu sem que
pudesse ser feito um exame laboratorial. A mulher, que segue
em observação, está contaminada com Chagas.
Investigação da DVS (Divisão de Vigilância em Saúde) do
município revelou que outras
pessoas da vila também estavam infectadas. Todas haviam
bebido suco de bacaba na casa
de uma moradora da região,
que vende o produto. A família
dela também foi infectada.
De acordo com o chefe da
DVS, Jorge Heimar, o barbeiro
ou suas fezes foram macerados
no preparo da bebida.
O inseto é o vetor (hospedeiro intermediário) do protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença. Mamíferos (seres humanos, macacos, cães e
gatos, entre outros) são os hospedeiros definitivos.
Segundo o Ministério da
Saúde, duas colônias de barbeiros foram encontradas em palmeiras a 190 metros do local
onde o alimento foi produzido.
O chefe do Núcleo de Endemias da Secretaria da Saúde do
Pará, Bernardo Cardoso, disse
que foram realizados mais de
cem exames em Mojuí dos
Campos. Ainda há casos pendentes. Os resultados devem
sair em 30 dias. Ninguém corre
risco de morte.
Para Cardoso, uma das possíveis causas para o surto é o desmatamento desordenado das
florestas do Estado. "Isso está
tirando o barbeiro de seu habitat natural", afirma.
No dia 9 de junho, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde um certificado de eliminação da transmissão da doença de Chagas
pelo barbeiro "caseiro" (que vive dentro de buracos nas paredes de habitações precárias).
Segundo o Ministério da
Saúde, insetos que invadiam as
casas foram a principal forma
de transmissão da doença. Entre 1975 e 1983, eram encontrados cerca de 20 mil barbeiros
por ano principalmente em residências rurais.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, três pessoas de uma mesma família
morreram e outras 22 ficaram
contaminadas com a doença de
Chagas após beberem caldo de
cana em um quiosque à beira da
BR-101, em março do ano passado. A suspeita é que o inseto
ou suas fezes tenham sido triturados com a cana.
Quase um ano e meio após o
surto, parte dos quiosques que
vendiam caldo de cana fechou.
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