São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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300 brasileiros ficam "presos" em aeroporto

Passageiros foram afetados em Buenos Aires por vôos adiados e cancelados das Aerolíneas Argentinas, empresa recém-reestatizada

Gol e Varig disseram que endossam os bilhetes da empresa argentina segundo a disponibilidade; a TAM não informou se faz o mesmo


DE BUENOS AIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Ao menos 300 brasileiros que tentavam voltar ao país estavam presos na tarde de ontem no aeroporto internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, por problemas com vôos adiados e cancelados das Aerolíneas Argentinas. Principal companhia aérea do país, ela foi reestatizada há uma semana, à beira de quebrar.
Os brasileiros reclamavam de overbooking, da falta de informações e de maus-tratos da empresa. Ao menos sete vôos das Aerolíneas para o Brasil decolaram com atraso ontem. Os destinos eram São Paulo, Rio e Porto Alegre. Os problemas não atingiram só brasileiros e se repetiram no Aeroparque (vôos domésticos).
Durante todo o dia de ontem, a Folha tentou se comunicar, em vão, com a empresa. O único responsável pela comunicação passou a tarde em reuniões e disse que não poderia atender à reportagem. O consulado do Brasil em Buenos Aires também não conseguiu obter as listas de prejudicados.
No fim de semana, o gerente-geral, Julio Alak, designado pelo governo argentino, afirmou que atrasos e cancelamentos foram causados por overbooking e falta de aviões, problemas herdados do grupo espanhol Marsans. Disse que os vôos se normalizariam ao longo da semana.
No aeroporto de Cumbica, na Grande São Paulo, a tela que mostra as chegadas exibia ontem uma falsa impressão de pequenos atrasos nos vôos das Aerolíneas. No entanto, nos aviões, havia passageiros que deveriam ter desembarcado até 40 horas antes. São pessoas que vinham do interior da Argentina ou de outros países e que deveriam fazer conexão em Buenos Aires. Enfrentaram atrasos nos vôos para a capital argentina, perderam as saídas para o Brasil e foram encaixadas em outros vôos só ontem.
Segundo os passageiros, só não houve atraso no vôo que saiu às 7h de Buenos Aires, porque, às 5h, os funcionários pararam de fazer check-in. A securitária Camila Marrone, 31, que tinha uma passagem comprada para esse vôo, chegou ao Ezeiza às 5h, mas só embarcou ao meio-dia. "Falavam claramente que tinha havido overbooking e mandavam todo mundo ficar na fila."
Amélia Borges Lordello Silva, 37, que vinha de Ushuaia com o marido e os dois filhos, chegou ontem a São Paulo às 15h45, 24 horas depois do planejado. Programado para sair de Ushuaia às 9h20 de domingo, seu vôo saiu à meia-noite. Eles chegaram a Buenos Aires às 4h e, quando pensaram que pegariam o vôo das 7h, foram surpreendidos pelo abandono no check-in. "Ficamos de pé três horas na fila, e ninguém atendendo. Foi revoltante."
No aeroporto internacional do Rio, mais atrasos. Na fila para o check-in, o atleta Alexandre Varão estava preocupado. Ele voaria até Buenos Aires, onde faria conexão para Santiago. De lá, embarcaria em vôo de outra companhia para Arica, onde participa do Campeonato Mundial de Bodyboard. "O campeonato só começa dia 1º, mas o ideal é chegar antes para ir se acostumando à onda."
No aeroporto internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, passageiros tiveram de esperar até oito horas para embarcar para Buenos Aires. A instabilidade das Aerolíneas fez com que agências de viagem do Rio Grande do Sul evitassem emitir bilhetes da companhia.

TAM, Varig e Gol
Gol e Varig afirmaram ontem que endossam os bilhetes das Aerolíneas de acordo com a disponibilidade de assento. A TAM disse que não foi procurada pelas Aerolíneas para acordos de endosso. (ADRIANA KÜCHLER, CINTHIA RODRIGUES, DENISE MENCHEN E GRACILIANO ROCHA)


Colaborou a Reportagem Local


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