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Dados mostram que medida é necessária, diz infectologista
DA REPORTAGEM LOCAL
O infectologista David Uip,
diretor do Instituto Emílio Ribas, participou ontem de uma
reunião com o secretário da
Saúde, Luiz Roberto Barradas
Barata, onde foi definida a recomendação para que instituições de ensino adiem as aulas.
Em reportagem publicada
anteontem na Folha, ele afirmou que, se tivesse um filho de
seis anos, continuaria mandando a criança para a escola.
Ontem, entretanto, ele endossou a medida da Secretaria
da Saúde, pois afirma que teve
contato com dados recentes
que mostram que a transmissão do vírus por crianças é o
dobro da por adultos.
O dado pode ser explicado
porque as crianças são capazes
de produzir mais vírus e por
mais tempo que os mais velhos,
provavelmente porque foram
expostas menos vezes a gripes,
explica o também infectologista Celso Granato, do Fleury.
"Enquanto um adulto pode
transmitir a doença por um período de uma semana, uma
criança pode transmiti-la por
até duas", afirma. De acordo
com ele, estudos recentes mostram que o fechamento das escolas pode reduzir em até 15%
a disseminação da doença.
Caio Rosenthal, infectologista do Instituto Emílio Ribas,
também concorda com a medida. "Se o tempo se mantiver do
jeito que está, manda o bom
senso se adiar um pouquinho o
aglomerado de crianças que ficam dentro de um quadrado
com janelas fechadas", afirma.
Celso Granato, entretanto,
faz uma ressalva: a disseminação da doença poderia ser reduzida em até 40%, caso fossem adotadas outras medidas,
como o fechamento de igrejas e
de estádios de futebol.
Esper Kallas, infectologista
da USP e do hospital Sírio-Libanês, concorda: "Acho que
[fechar escolas] pode ajudar
um pouco, mas não vai fazer
muita diferença. O vírus continua se espalhando em outros
tipos de aglomeração. Pode haver algum impacto, mas um
impacto muito pequeno", diz.
"Não tem muito o que fazer. O
vírus já está circulando e vai
continuar sendo transmitido."
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO e TALITA BEDINELLI)
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