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CRIMES NO PARQUE
Investigadores acreditam que mata pode estar escondendo corpos de outras vítimas; acusado está foragido
Polícia acha mais 2 corpos de mulheres
MARCELO GODOY
da Reportagem Local
Mais dois corpos de mulheres foram encontrados ontem no parque do Estado. Quase esqueletos,
os policiais acreditam que eles sejam de vítimas do maníaco sexual
que agia no parque (zona sudeste
de São Paulo), uma área de mata
atlântica com 550 hectares ou 5,5
milhões de m2.
Com eles, o número de mulheres
assassinadas pelo maníaco sobe
para oito -o corpo da primeira
vítima foi achado em janeiro de 98.
Novas buscas serão feitas na mata,
pois os investigadores do caso não
descartam a possibilidade de outros corpos serem encontrados.
"Eu não duvido de mais nada",
disse o delegado Sérgio Alves, 35,
da equipe C-Sul do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). A varredura de
ontem era a quinta que seria feita
no parque nos últimos 20 dias pelo
COE (Comando de Operações Especiais) da PM e pelo DHPP.
Às 9h, 20 policiais entraram na
mata por uma trilha que começa
no km 16 da rodovia dos Imigrantes e termina na rua Alfenas, perto
da casa na qual o motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, morou
por dois anos. Acusado dos crimes, Pereira está foragido.
A trilha foi revelada por duas das
seis mulheres que, violentadas, sobreviveram e reconheceram o motoboy. Na reconstituição do caminho, os policiais passaram por onde o primeiro corpo foi achado.
Pouco tempo depois, o grupo
chegou onde, em maio passado,
foi encontrado o segundo corpo.
Ali ainda havia cabelos da vítima,
e os peritos acharam uma corrente
com um coração, talvez bijuteria.
Eram 12h15 quando o primeiro
corpo foi encontrado mata adentro, 60 metros adiante. Alguns minutos depois, a segunda vítima
apareceu. Cerca de 20 metros de
mata os separavam.
Ambos, quase esqueletos, estavam de bruços, com as cabeças enfiadas no solo arenoso e úmido.
Assim como as outras seis mortas,
não havia documentos por perto
que identificassem as vítimas. As
duas tinham cabelos longos.
De acordo com a perita Jane Pacheco Belucci, do DHPP, a primeira estava morta havia, pelo menos,
40 dias. O corpo nu não tinha obturações nos dentes, mas dois
pré-molares faltavam na arcada
dentária inferior da mulher.
Parte da pele da mão da vítima
foi retirada e será reidratada a fim
de que sejam obtidas impressões
digitais. "Esse terreno conservou
o corpo", disse a perita.
A outra vítima estava vestida só
com uma camiseta preta, um boné
e com um coturno número 35. Sua
morte teria ocorrido há dois meses. Ela tinha três brincos de argola
em uma orelha e dois na outra.
Nas mãos, havia um anel e no
pulso, um relógio Spaltec. Seus
dentes tinham obturações. Não foi
possível determinar a idade de nenhuma das duas mulheres.
"O local e a forma como os corpos foram deixados são marcas do
maníaco", disse o delegado Alves.
Na varredura, os policiais também
acharam quatro shorts, uma saia,
sutiãs e calcinhas.
"Havia ainda restos de roupas
queimadas", disse a perita. Segundo a polícia, uma distância de
200 metros em linha reta separa as
vítimas de onde Pereira morou.
Para o delegado Alves, um dos
novos corpos pode ser o de Isadora Fraenkel, 19. O motoboy apresentava Isadora, uma estudante
residente no Itaim Bibi (zona sudoeste), como sua namorada.
Sumida desde fevereiro de 98, a
polícia achou cheques dela depositados na conta bancária do acusado após ela ter desaparecido.
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