São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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EDUCAÇÂO

Negociação interna pode acabar com crise na UFRJ

da Reportagem Local

A negociação interna é a saída para a crise vivida pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Há 22 dias, a reitoria da instituição está sendo ocupada por funcionários e estudantes que protestam contra o fato do professor José Vilhena ter sido escolhido como o novo reitor.
"Vilhena é o reitor legitimamente escolhido. Se tiver de haver alguma negociação pela renúncia dele, ela tem que ser interna, sem influência de forças políticas externas", diz o filósofo político José Arthur Gianotti.
Gianotti entende que os opositores de Vilhena estão recorrendo a "esquemas partidários" -no caso as lideranças do PFL no Rio- para tentar forçar a renúncia do novo reitor.
Os manifestantes querem que o professor Aloísio Teixeira seja empossado reitor porque ele foi o primeiro colocado em consulta realizada na universidade.
A escolha de um reitor de uma universidade federal cabe ao presidente da República. Antes da decisão final, os nomes dos indicados são encaminhados, via Ministério da Educação, pelo colegiado superior da instituição.
Geralmente, os nomes escolhidos resultam de uma consulta feita a professores, estudantes e funcionários. Nesse processo, o voto dos professores tem mais peso (70%). Normalmente, o primeiro colocado costuma ser o indicado.
"Vilhena passou a ser o defensor da autonomia porque ele não está recorrendo a esquemas partidários para resolver o impasse. A autonomia universitária significa a autonomia em relação às forças externas", diz Gianotti.
José Ivonildo do Rego, presidente da Andifes (Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), também vê na negociação interna a solução para o impasse.
"A legislação atual prevê que qualquer nome da lista tríplice pode ser escolhido. A escolha está acobertada pela lei. A solução passa pela negociação interna", diz o presidente da Andifes.
No entanto, ele defende a criação de uma nova legislação, que não dê margem a conflitos como os que estão ocorrendo no Rio.
Isso passa, diz Rego, pela real autonomia das universidades. "É preciso ter uma lei orgânica que garanta que a escolha do dirigente seja feita no âmbito interno. Isso é um ponto dentro do problema mais amplo, que inclui financiamento, avaliação e carreira."
As lideranças dos manifestantes negam que eles estejam usando influências externas. "Existe uma insatisfação muito grande na universidade. A escolha dele pode ter sido legal, mas ela não é legítima. Se fosse, ele já estaria trabalhando", diz Lucia Reis, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ.
Os manifestantes ocuparam ontem mais um andar da reitoria. A associação dos docentes informou que estava circulando um e-mail pedindo para que manifestantes telefonassem para a casa de Vilhena a fim de bloquear a linha.


Colaborou a Sucursal do Rio


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