São Paulo, quarta, 29 de julho de 1998

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Lixo atrapalha retirada de óleo em SP

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

A grande quantidade de lixo no mar está atrapalhando a operação de remoção do óleo que vazou domingo no estuário de Santos (SP) do navio Smyrni Limassol (bandeira de Chipre) e atingiu todas as praias da cidade.
O diretor de Operações de Emergência da Cetesb, Hélvio Aventurato, afirmou ontem que os detritos estão se agregando às manchas de óleo e travando o equipamento que faz a absorção do material.
Ele disse que, para contornar o problema, os técnicos estão cercando as manchas no mar com barreiras e rebocando-as para uma área próxima do porto, onde o óleo é recolhido por trabalhadores braçais.
A própria correnteza também está sendo usada como instrumento para direcionar as camadas de óleo que bóiam no mar.
O vazamento aconteceu porque o navio Elisabeth Rickmers (bandeira de Antígua) se chocou contra o Smyrni, que estava atracado, e abriu um rombo em um dos tanques, por onde o óleo escorreu.
Os técnicos da Cetesb (agência ambiental paulista) informaram que o óleo continuará chegando às praias de Santos e São Vicente (uma extensão de 10 km) nos próximos dias.
"O maior impacto nas praias já ocorreu. Mas as manchas que ficaram foram se abrindo, se soltando e vão encostar na praia nos próximos dias", disse William Nunes, gerente da Cetesb em Santos.
A orientação da Cetesb aos banhistas é para que não entrem no mar nos próximos dias porque o contato com o óleo pode gerar irritação na pele ou alergias.
Na faixa de areia, 150 homens da Prefeitura de Santos e da Terracom, empresa responsável pela limpeza urbana, fizeram ontem a coleta manual.
Até ontem, as manchas de óleo no mar estavam dispersas pelo estuário e baía de Santos. No Guarujá, foram atingidas as praias do Góes e da Pouca Farinha. Áreas de mangue também foram afetadas.
De acordo com os técnicos da Cetesb, não será possível remover a totalidade do óleo derramado. Na baía de Santos, por exemplo, não existe equipamento capaz de fazer a contenção do óleo porque a área tem correnteza forte e qualquer ação se tornaria perigosa.
Ele disse que a única alternativa nesse caso é esperar a mancha se fragmentar, diminuir de espessura e se degradar naturalmente.
O prefeito de Santos, Beto Mansur (PPB), afirmou ontem que ingressará na Justiça com uma ação por perdas e danos contra os responsáveis pelo vazamento de óleo.
Segundo ele, o prejuízo ambiental não é o único. Para Mansur, o acidente ecológico arranha a imagem da cidade, que tem no turismo uma de suas principais atividades econômicas.



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