São Paulo, segunda-feira, 29 de agosto de 2005

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OUTRO LADO

"Generalização é absurda"

DA REPORTAGEM LOCAL

Gabriel Tannus, presidente da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), considera um "absurdo" as declarações de que práticas antiéticas entre médicos e laboratórios estejam generalizadas.
"Existem práticas eticamente indefensáveis em toda atividade humana. No caso em questão [a relação entre médicos e laboratórios], não posso dizer que não existam, mas não é generalizado."
Ele diz acreditar que a resolução 102 da Anvisa, de 2000, estabeleceu regras muito claras para essa relação. As normas definem critérios para praticamente todas as modalidades de promoção: da atuação dos propagandistas ao patrocínio de congressos técnicos e de atualização; dos convites de participação para encontros profissionais à distribuição de amostras grátis.
"Nos congressos, por exemplo, há uma definição muito clara do que é científico e o que é promocional. Não se pode subestimar a capacidade de a audiência reagir caso algum laboratório extrapole os limites da ética."
Tannus também discorda da afirmação de que trabalhos favoráveis a determinas drogas estejam sendo apresentados sem a citação do patrocínio, como determina o CFM e a Anvisa.
"Temos interesse de perseguir e moralizar isso. Se alguém tem uma casuística dessa prática, deveria demonstrá-la. Essas referências já existiram no passado, numa época em que cada um fazia o queria. Agora isso está mudado. As próprias sociedades médicas se organizaram e as indústrias também possuem regras pautadas na ética."

Propagandistas
Sobre a atuação dos propagandistas, Tannus diz que é função desses profissionais convencer o médico a prescrever o produto que ele representa. "Ele não vai ao consultório fazer social. O que ele faz é legal e uma prática no mundo todo. Mas isso dentro de uma ética profissional. Todos passam por programas de treinamento e devem respeitar as regras."
Em relação à forma de apresentação das pesquisas científicas aos médicos, que, na maioria das vezes só traz um extrato positivo do trabalho, o presidente da Interfarma afirma que não há informações falsas, apenas uma disposição gráfica que torna a leitura mais ágil e fácil.
Segundo ele, a indústria farmacêutica mundial está revisando a forma com que passará a publicar os seus trabalhos científicos para os médicos.
Há hoje um clamor na comunidade científica pedindo a publicação de todos os resultados de pesquisas científicas ainda que eles não sejam positivos ao produto em questão.

Febrafarma
Em nota encaminhada à Folha, a Febrafarma (Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica) afirma defender o estrito cumprimento da legislação em vigor, ou seja, a resolução nš 102, da Anvisa. (CC)

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