|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
"Generalização é absurda"
DA REPORTAGEM LOCAL
Gabriel Tannus, presidente da
Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa),
considera um "absurdo" as declarações de que práticas antiéticas
entre médicos e laboratórios estejam generalizadas.
"Existem práticas eticamente
indefensáveis em toda atividade
humana. No caso em questão [a
relação entre médicos e laboratórios], não posso dizer que não
existam, mas não é generalizado."
Ele diz acreditar que a resolução
102 da Anvisa, de 2000, estabeleceu regras muito claras para essa
relação. As normas definem critérios para praticamente todas as
modalidades de promoção: da
atuação dos propagandistas ao
patrocínio de congressos técnicos
e de atualização; dos convites de
participação para encontros profissionais à distribuição de amostras grátis.
"Nos congressos, por exemplo,
há uma definição muito clara do
que é científico e o que é promocional. Não se pode subestimar a
capacidade de a audiência reagir
caso algum laboratório extrapole
os limites da ética."
Tannus também discorda da
afirmação de que trabalhos favoráveis a determinas drogas estejam sendo apresentados sem a citação do patrocínio, como determina o CFM e a Anvisa.
"Temos interesse de perseguir e
moralizar isso. Se alguém tem
uma casuística dessa prática, deveria demonstrá-la. Essas referências já existiram no passado, numa época em que cada um fazia o
queria. Agora isso está mudado.
As próprias sociedades médicas
se organizaram e as indústrias
também possuem regras pautadas na ética."
Propagandistas
Sobre a atuação dos propagandistas, Tannus diz que é função
desses profissionais convencer o
médico a prescrever o produto
que ele representa. "Ele não vai ao
consultório fazer social. O que ele
faz é legal e uma prática no mundo todo. Mas isso dentro de uma
ética profissional. Todos passam
por programas de treinamento e
devem respeitar as regras."
Em relação à forma de apresentação das pesquisas científicas aos
médicos, que, na maioria das vezes só traz um extrato positivo do
trabalho, o presidente da Interfarma afirma que não há informações falsas, apenas uma disposição gráfica que torna a leitura
mais ágil e fácil.
Segundo ele, a indústria farmacêutica mundial está revisando a
forma com que passará a publicar
os seus trabalhos científicos para
os médicos.
Há hoje um clamor na comunidade científica pedindo a publicação de todos os resultados de pesquisas científicas ainda que eles
não sejam positivos ao produto
em questão.
Febrafarma
Em nota encaminhada à Folha,
a Febrafarma (Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica)
afirma defender o estrito cumprimento da legislação em vigor, ou
seja, a resolução nš 102, da Anvisa.
(CC)
Texto Anterior: Empresa busca "fidelizar" alunos nas faculdades Próximo Texto: Depoimento: "Não acho antiético aceitar viagens" Índice
|