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CRÍTICA
Reitor da UFSCar diz
que política de FHC
"deixa a desejar"
Segundo ele, pesquisas recebem mais dinheiro da Ciência e Tecnologia do que da Educação
CLAYTON FREITAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
O reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Oswaldo Baptista Duarte Filho,
afirmou ontem que a atual política educacional do presidente
Fernando Henrique Cardoso
"deixa a desejar".
Segundo ele, há uma incoerência entre as pastas do governo. Duarte Filho apontou que,
por um lado, o Ministério da
Ciência e Tecnologia vem ampliando significativamente o financiamento à pesquisa científica e tecnológica. Mas não haveria contrapartida do MEC (Ministério da Educação) em acompanhar esses investimentos.
Ele citou como exemplo os
materiais empenhados desde
1996 para a área de ciências biológicas da UFSCar. A universidade tem para receber cerca de
1.200 equipamentos. Até ontem
foram enviados apenas 12. Mas,
segundo o reitor, ainda que todos os equipamentos cheguem,
não haverá onde colocá-los.
Ele comentou que, em reunião
anteontem com o ministro do
Planejamento, Martus Tavares,
os representantes das instituições de ensino federal pediram
incremento de verba para o setor da educação. "É uma questão de prioridade poder colocar
mais verba em educação", disse.
Duarte Filho criticou ainda a
proliferação de fundações nas
universidades. A UFSCar mantém uma única fundação. Para
ele, esse não seria um bom caminho para se obter verbas para a
universidade. "Qualquer pesquisador ao destinar o tempo
para outra atividade sobrecarrega-se de forma muito intensa."
Segundo o reitor, não seria
possível manter mais fundações, já que os docentes trabalham mais do que deveriam e isso reduziria o tempo de outras
atividades, como leitura.
Sobre os salários dos docentes,
ele compara os sistemas público
e privado. O reitor diz que um
professor com doutorado e dedicação exclusiva da universidade pública ganha R$ 3.140 por
mês, valor que inclui as gratificações. "No setor privado, esse
valor vai para R$ 9.000", afirma.
A Folha ligou pelo menos dez
vezes para a assessoria de imprensa do MEC ontem. Os assessores chegaram a prometer
uma entrevista com o ministro
Paulo Renato Souza, mas não
houve resposta até as 20h.
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