São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2001

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CRÍTICA

Reitor da UFSCar diz que política de FHC "deixa a desejar"

Segundo ele, pesquisas recebem mais dinheiro da Ciência e Tecnologia do que da Educação

CLAYTON FREITAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Oswaldo Baptista Duarte Filho, afirmou ontem que a atual política educacional do presidente Fernando Henrique Cardoso "deixa a desejar".
Segundo ele, há uma incoerência entre as pastas do governo. Duarte Filho apontou que, por um lado, o Ministério da Ciência e Tecnologia vem ampliando significativamente o financiamento à pesquisa científica e tecnológica. Mas não haveria contrapartida do MEC (Ministério da Educação) em acompanhar esses investimentos.
Ele citou como exemplo os materiais empenhados desde 1996 para a área de ciências biológicas da UFSCar. A universidade tem para receber cerca de 1.200 equipamentos. Até ontem foram enviados apenas 12. Mas, segundo o reitor, ainda que todos os equipamentos cheguem, não haverá onde colocá-los.
Ele comentou que, em reunião anteontem com o ministro do Planejamento, Martus Tavares, os representantes das instituições de ensino federal pediram incremento de verba para o setor da educação. "É uma questão de prioridade poder colocar mais verba em educação", disse.
Duarte Filho criticou ainda a proliferação de fundações nas universidades. A UFSCar mantém uma única fundação. Para ele, esse não seria um bom caminho para se obter verbas para a universidade. "Qualquer pesquisador ao destinar o tempo para outra atividade sobrecarrega-se de forma muito intensa."
Segundo o reitor, não seria possível manter mais fundações, já que os docentes trabalham mais do que deveriam e isso reduziria o tempo de outras atividades, como leitura.
Sobre os salários dos docentes, ele compara os sistemas público e privado. O reitor diz que um professor com doutorado e dedicação exclusiva da universidade pública ganha R$ 3.140 por mês, valor que inclui as gratificações. "No setor privado, esse valor vai para R$ 9.000", afirma.
A Folha ligou pelo menos dez vezes para a assessoria de imprensa do MEC ontem. Os assessores chegaram a prometer uma entrevista com o ministro Paulo Renato Souza, mas não houve resposta até as 20h.



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