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FEBEM
Mães de menores haviam denunciado maus-tratos
Exames comprovam lesões em internos de unidade em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Exames de corpo de delito
constataram que 65 dos 111 internos na unidade educacional 27 da
Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor) da rodovia
Raposo Tavares (zona oeste de
SP) apresentam escoriações, hematomas e queimaduras.
Na avaliação dos promotores da
Infância e Juventude do Estado de
São Paulo, os laudos comprovam
que os adolescentes sofreram
maus-tratos dos monitores.
"Os resultados confirmam a denúncia feita na última terça-feira
por cerca de 20 mães de internos",
afirma Ariel de Castro Alves, representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, entidade que encaminhou a queixa dos
parentes à Promotoria.
De acordo com a denúncia, na
madrugada da sexta-feira, dia 21,
cerca de 15 monitores entraram
na unidade 27, espancaram os
menores com tacos de beisebol e
pedaços de pau e fizeram disparos
de spray de pimenta contra os internos, causando-lhes queimaduras no rosto.
As mães ficaram sabendo do
acontecido durante a visita, no
domingo, dia 23, que, segundo
elas, foi mais curta que o usual e
vigiada pelos monitores.
Na quarta-feira passada, os promotores Ebenézer Salgado Soares, Sueli Riviera e Wilson Tafner
estiveram na Febem da Raposo
Tavares, acompanhados por um
médico legista, que examinou os
menores da unidade 27. Foram tiradas fotos das lesões.
A Promotoria localizou e ouviu
ainda outros três internos da mesma unidade que haviam sido
transferidos depois do ocorrido
para a Febem de Parelheiros, na
zona sul da cidade.
Segundo o promotor Ebenézer
Soares, esses menores estavam
ainda em pior estado que os demais. "Eles foram transferidos
nos moldes da ditadura, para não
serem encontrados e não terem
constatados os maus-tratos."
A Promotoria já começou a ouvir também os funcionários da
Febem Raposo Tavares. Soares
diz que esse foi o segundo incidente envolvendo supostos
maus-tratos na unidade em menos de um ano -o primeiro teria
ocorrido em novembro de 2000.
Outro lado
Quando foi informada das denúncias de espancamento, a Febem admitiu que houve confronto entre menores e monitores,
mas afirmou não saber de agressões com pedaços de pau nem
com spray de pimenta.
Ontem, a assessoria de imprensa da fundação informou que já
havia sido aberta uma sindicância
interna para investigar o caso e
que, se forem constatados abusos,
os envolvidos serão punidos. Disse também que a Febem só vai comentar os laudos médicos quando tiver os documentos em mãos.
Assim que terminarem de ouvir
funcionários e internos os promotores da Infância e da Juventude irão encaminhar cópias do requerimento para a Justiça, para a
Febem e para a Vara da Infância e
da Juventude, a fim de que sejam
aplicadas as punições cabíveis.
(MARIANA VIVEIROS)
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