São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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População vai ser removida

DA REPORTAGEM LOCAL

Sebastião, Maria, Sandra, Elisete e Maria Isabel vivem há mais de 40 anos no sítio Capivari, vizinho ao mangue de Cubatão. Os mais novos nasceram e se criaram lá. Ontem, porém, alguns deles já devem ter começado a deixar o local (cuja ocupação é irregular) por ordem da prefeitura; vão para apartamentos construídos pelo Estado, longe da área de preservação e da contaminação também.
Não que a presença do mercúrio e outros contaminantes impressione muito as cerca de 20 famílias que moraram durante décadas no Capivari. Até os últimos dias por lá, eles ainda plantavam mandioca, batata-doce, milho e alface e comiam peixes, caranguejos e siris tirados do mangue.
"Eu me preocupo com essa história de contaminação, mas não vou mudar meus hábitos porque nunca senti nada de errado", diz Maria Isabel dos Santos, 24. "Eu nunca ouvi falar disso [presença de mercúrio", só não como mais parati [peixe da região" porque a carne está mole, muito ruim", afirma Sebastião dos Santos, 70.
A retirada da população não tem nada a ver com a presença de mercúrio, sustenta a prefeitura. Os moradores do Capivari estão entre os 200 beneficiados pela sobra de vagas em prédios da CDHU (companhia de habitação do governo estadual) destinados a pessoas que vivem em áreas de risco em Cubatão. (MV)


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