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ADMINISTRAÇÃO
Elci Pimenta Freire afirma que bancos podem ter se descuidado ao verificar autenticidade de contracheques
Ouvidor diz que golpe foi "ação externa"
DO "AGORA"
O ouvidor-geral do município,
Elci Pimenta Freire, descarta a hipótese de a fraude ter ocorrido
dentro da Prodam -embora a
possibilidade ainda esteja sendo
investigada por sua assessoria de
apuração- e vê no caso dos contracheques falsificados indícios
claros de uma ação externa.
Para Freire, o caso serviu para
avaliar a segurança de alguns procedimentos -considerada por
ele satisfatória no caso da elaboração da folha de pagamento do governo e falha no que diz respeito
as checagens dos bancos.
"Eu arriscaria dizer que houve
um certo descuido das instituições financeiras devido ao baixo
risco de inadimplência dessas
operações [já que o desconto é feito em folha]", afirmou o ouvidor.
Apesar de sua convicção excluir
a participação de funcionários da
Prodam no golpe, ele diz que as fitas de impressão da companhia
devem ser submetidas à perícia.
Ameaça
O agente escolar A. é um dos
servidores citados no procedimento da Ouvidoria que apura o
caso. Ele diz que tentou desistir da
fraude, mas foi ameaçado de morte. A história de A. começou há alguns meses, quando, sempre de
acordo com seu relato -feito à
auditoria do Banco Alfa-, ele tomou empréstimos nos bancos
Schahin e Ficsa, ambos intermediados por um suposto operador
de crédito conhecido apenas como Lima, que ficou com os contracheques originais.
No dia 22 de agosto, Lima teria
procurado A. para lhe entregar os
documentos, ocasião em que teria
oferecido ao servidor um terceiro
empréstimo -no Banco Alfa.
A. aceitou, e os três -Lima estava acompanhado de uma mulher com traços orientais- seguiram em direção à Subprefeitura
da Capela do Socorro (zona sul de
SP), onde se encontrariam com
Gilmar Belo Silva, um operador
de crédito do Banco Alfa.
A. conta ter notado a falsificação
de seus contracheques dentro do
carro de Lima -um Monza
adaptado para deficiente físico.
Imediatamente teria dito a Lima
de que desistira da operação, mas
o intermediário teria dito que o
carro estava sendo seguido por
um motoqueiro, que mataria o
servidor em caso de desistência.
A. fez a operação -o empréstimo seria de R$ 2.000- e deixou a
subprefeitura. Uma hora depois,
ele ligou para o celular do operador de crédito do Alfa -que confirma a chamada e seu conteúdo.
No telefonema, disse ter sido coagido a fazer a operação pela dupla
"barra-pesada" que o acompanhava e revelou que sua documentação havia sido falsificada. A
operação foi suspensa, e A., chamado pela auditoria do Alfa.
Numa busca imediata, o banco
identificou outros 21 servidores
que pleiteavam empréstimos com
contracheques falsificados -a
maioria deles do Hospital Tide
Setúbal (zona leste). Em contato
com a Secretaria Municipal de
Gestão Pública, os auditores confirmaram que os salários haviam
sido majorados. (SÍLVIA CORRÊA)
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