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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Elci Pimenta Freire afirma que bancos podem ter se descuidado ao verificar autenticidade de contracheques

Ouvidor diz que golpe foi "ação externa"

DO "AGORA"

O ouvidor-geral do município, Elci Pimenta Freire, descarta a hipótese de a fraude ter ocorrido dentro da Prodam -embora a possibilidade ainda esteja sendo investigada por sua assessoria de apuração- e vê no caso dos contracheques falsificados indícios claros de uma ação externa.
Para Freire, o caso serviu para avaliar a segurança de alguns procedimentos -considerada por ele satisfatória no caso da elaboração da folha de pagamento do governo e falha no que diz respeito as checagens dos bancos.
"Eu arriscaria dizer que houve um certo descuido das instituições financeiras devido ao baixo risco de inadimplência dessas operações [já que o desconto é feito em folha]", afirmou o ouvidor.
Apesar de sua convicção excluir a participação de funcionários da Prodam no golpe, ele diz que as fitas de impressão da companhia devem ser submetidas à perícia.

Ameaça
O agente escolar A. é um dos servidores citados no procedimento da Ouvidoria que apura o caso. Ele diz que tentou desistir da fraude, mas foi ameaçado de morte. A história de A. começou há alguns meses, quando, sempre de acordo com seu relato -feito à auditoria do Banco Alfa-, ele tomou empréstimos nos bancos Schahin e Ficsa, ambos intermediados por um suposto operador de crédito conhecido apenas como Lima, que ficou com os contracheques originais.
No dia 22 de agosto, Lima teria procurado A. para lhe entregar os documentos, ocasião em que teria oferecido ao servidor um terceiro empréstimo -no Banco Alfa.
A. aceitou, e os três -Lima estava acompanhado de uma mulher com traços orientais- seguiram em direção à Subprefeitura da Capela do Socorro (zona sul de SP), onde se encontrariam com Gilmar Belo Silva, um operador de crédito do Banco Alfa.
A. conta ter notado a falsificação de seus contracheques dentro do carro de Lima -um Monza adaptado para deficiente físico. Imediatamente teria dito a Lima de que desistira da operação, mas o intermediário teria dito que o carro estava sendo seguido por um motoqueiro, que mataria o servidor em caso de desistência.
A. fez a operação -o empréstimo seria de R$ 2.000- e deixou a subprefeitura. Uma hora depois, ele ligou para o celular do operador de crédito do Alfa -que confirma a chamada e seu conteúdo. No telefonema, disse ter sido coagido a fazer a operação pela dupla "barra-pesada" que o acompanhava e revelou que sua documentação havia sido falsificada. A operação foi suspensa, e A., chamado pela auditoria do Alfa.
Numa busca imediata, o banco identificou outros 21 servidores que pleiteavam empréstimos com contracheques falsificados -a maioria deles do Hospital Tide Setúbal (zona leste). Em contato com a Secretaria Municipal de Gestão Pública, os auditores confirmaram que os salários haviam sido majorados. (SÍLVIA CORRÊA)

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