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Recorde de mortes em confronto foi atingido em 2003
MICHEL ALECRIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se a rendição de Luciano
Custódio Sales e Charles Machado Silva no Morro da
Providência não tivesse sido
fotografada, a morte dos
dois poderia ser incluída nas
estatísticas dos "autos de resistência" à polícia.
As mortes de civis em confronto com a polícia -registradas nos autos de resistência- tiveram uma escalada
nos últimos anos no Estado
do Rio (veja quadro). Para
especialistas, grande parte
dessas ocorrências pode ser
forjada por policiais.
O recorde de casos ocorreu
no ano passado, quando
1.195 registros do tipo foram
feitos, resultando em uma
média mensal de 99,5 mortes. Neste ano, os números
contabilizados até julho pela
Secretaria de Segurança
mostram uma média mensal
de 75,8, menos do que a de
2003, mas equivalente à de
2002, que foi a segunda mais
alta da série histórica.
Para a coordenadora do
Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes,
Silvia Ramos, os números
refletem o uso excessivo da
força por parte da polícia do
Rio, a que mais mata no país.
Um estudo feito pelo sociólogo Ignacio Cano, analisando autos de resistência
ocorridos entre 1993 e 1996,
na cidade do Rio, revelou
que, entre os inquéritos
abertos, 430 eram de mortes
fora de favelas e 512 dentro
delas. A pesquisa também
mostrou que a maioria das
vítimas recebeu tiros nas
costas ou na cabeça, o que
indica morte sumária.
No Estado de São Paulo,
um civil foi morto a cada 17
horas pela Polícia Militar em
supostos confrontos no primeiro semestre desse ano.
São 254 mortes no total. Em
2003, a média no mesmo período foi de uma pessoa a cada 11 horas. Para a Secretaria
da Segurança Pública do Estado, os números mostram
uma tendência de queda.
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