São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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Recorde de mortes em confronto foi atingido em 2003

MICHEL ALECRIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se a rendição de Luciano Custódio Sales e Charles Machado Silva no Morro da Providência não tivesse sido fotografada, a morte dos dois poderia ser incluída nas estatísticas dos "autos de resistência" à polícia.
As mortes de civis em confronto com a polícia -registradas nos autos de resistência- tiveram uma escalada nos últimos anos no Estado do Rio (veja quadro). Para especialistas, grande parte dessas ocorrências pode ser forjada por policiais.
O recorde de casos ocorreu no ano passado, quando 1.195 registros do tipo foram feitos, resultando em uma média mensal de 99,5 mortes. Neste ano, os números contabilizados até julho pela Secretaria de Segurança mostram uma média mensal de 75,8, menos do que a de 2003, mas equivalente à de 2002, que foi a segunda mais alta da série histórica.
Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos, os números refletem o uso excessivo da força por parte da polícia do Rio, a que mais mata no país.
Um estudo feito pelo sociólogo Ignacio Cano, analisando autos de resistência ocorridos entre 1993 e 1996, na cidade do Rio, revelou que, entre os inquéritos abertos, 430 eram de mortes fora de favelas e 512 dentro delas. A pesquisa também mostrou que a maioria das vítimas recebeu tiros nas costas ou na cabeça, o que indica morte sumária.
No Estado de São Paulo, um civil foi morto a cada 17 horas pela Polícia Militar em supostos confrontos no primeiro semestre desse ano. São 254 mortes no total. Em 2003, a média no mesmo período foi de uma pessoa a cada 11 horas. Para a Secretaria da Segurança Pública do Estado, os números mostram uma tendência de queda.


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