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FORA DA LEI
Mulher diz que vítimas participavam de festa; tráfico determinou fechamento do comércio próximo ao morro
"Foi covardia o que fizeram com o meu filho"
DA SUCURSAL DO RIO
A pensionista Elivânia Maria
Machado, 37 -mãe de Charles
Machado Silva, um dos dois jovens mortos anteontem no morro
da Providência- disse que policiais esfaquearam seu filho no
ombro e na barriga.
"Eu vi o osso dele para fora. Furaram a sua barriga", afirmou ela,
durante o enterro, na manhã de
ontem, no cemitério do Caju (zona portuária do Rio).
De acordo com Elivânia Machado, seu filho e o colega Luciano
Custódio Sales estavam na rua
participando de uma festa em homenagem a são Cosme e são Damião quando ouviram os tiros e
decidiram correr para não serem
atingidos.
"Foi uma covardia o que fizeram com meu filho. Eu quero justiça", declarou ela, que tem mais
cinco filhos.
A mãe de Charles disse que o filho era um menino carinhoso,
cursava a 7ª série da Escola Municipal Darcy Vargas (bairro da
Saúde, zona portuária) e não tinha envolvimento com o tráfico
de drogas.
Moradores do morro da Providência que acompanharam o sepultamento acusaram Charles de
ligações com o tráfico.
Nenhum parente de Luciano
Custódio, o outro morto anteontem, quis conversar com os jornalistas. Vizinhos disseram que ele
ganhava a vida fazendo pequenos
biscates.
A polícia nega que haja ferimentos a faca nos corpos dos dois rapazes mortos.
Tensão
Os enterros foram realizados
em clima de tensão. Familiares
dos dois rapazes ameaçaram as
equipes de reportagem. Uma repórter do jornal "O Globo" teve o
bloco arrancado e rasgado por
um familiar de uma das vítimas.
Ela ainda levou um empurrão de
uma mulher.
Cerca de 200 pessoas acompanharam os dois sepultamentos no
cemitério do Caju. A maioria dos
visitantes chegou ao local em ônibus da empresa São Silvestre, cuja
sede fica próxima ao morro da
Providência.
Comércio fechado
Lojas de pelo menos cinco ruas
que ficam nas imediações da estação ferroviária da Central do Brasil (avenida Presidente Vargas, na
região central do Rio) voltaram a
ficar fechadas durante todo o dia
por ordem de traficantes do morro da Providência.
Alguns dos estabelecimentos
que não abriram as portas ficam
em frente à sede da 1ª e da 4ª delegacias de polícia.
O camelódromo, que fica atrás
da estação ferroviária, também
não funcionou, apesar de vários
carros da PM (Polícia Militar) circularem pelo local.
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