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LIMPEZA URBANA
Hoje, só 0,9% das 204 mil toneladas mensais recolhidas são recuperadas; serviço seletivo vai chegar a 66 distritos
SP inclui 14 distritos na coleta seletiva de lixo
JOSÉ CARLOS PEGORIM
DA REDAÇÃO
A Prefeitura de São Paulo ampliará de 52 para 66 os distritos
com coleta seletiva a partir de 17
de outubro. Das cerca de 204 mil
toneladas mensais de lixo geradas
na cidade, apenas 0,9% -cerca
de 1.800 toneladas- é recuperado e revendido como material reciclável para as indústrias.
Segundo a prefeitura, hoje os 72
caminhões que fazem a coleta seletiva transportam em média apenas 20% do que poderiam carregar. Os materiais são levados para
14 centrais de triagem, onde 705
catadores organizados em cooperativas selecionam e revendem os
recicláveis para a indústria.
"Os caminhões são muito pouco eficientes", disse o secretário
de Serviços, Andrea Matarazzo,
também subprefeito da Sé, área
onde se concentra o maior número de catadores avulsos e cooperativas fora das centrais municipais.
O programa de coleta seletiva
foi implantado em setembro de
2003, pela gestão Marta Suplicy
(PT), em 45 dos 96 distritos paulistanos. A meta era contemplar
toda a cidade até o fim do ano
passado, o que não ocorreu.
O projeto enfrentou problemas
também com o transporte do material. Os contratos com as duas
empresas que recolhiam o reciclável venceram, em dezembro de
2004 e fevereiro de 2005 (já na gestão Serra), e demoraram a ser renovados. Com isso, o lixo coletado era prensado sem separação.
O plano da gestão José Serra
(PSDB) é que as centrais passem a
trabalhar em três turnos, envolvendo 2.700 catadores. A renda
média mensal passaria de R$ 400
para R$ 600 em razão do maior
volume de material recebido. Hoje, apenas a central de São Mateus
(zona leste) opera em dois turnos.
As centrais de triagem, herança
da administração petista de Marta
Suplicy, vão ser, dos próximos
três a nove meses, reformadas e
ganhar mais esteiras de separação, nas quais os materiais recicláveis misturados vão sendo selecionados em categorias pelos catadores. Duas serão fundidas (Miguel Yunes, em Santo Amaro, e
Granja Julieta) e duas deslocadas
(Vila Leopoldina e Pinheiros) para uma área na Lapa, porque estão
em áreas onde há contaminação
de solo.
O plano da secretaria prevê ainda ampliar em três anos o número
de postos de entrega voluntária de
34 para mil e acabar com os contêineres acorrentados a postes na
rua e sem nenhum monitoramento -hoje, mais de mil estão nesta
situação. Eles irão para supermercados e outros pontos comerciais
ou para condomínios, já que, na
rua, recebem qualquer tipo de lixo.
Se a proposta da prefeitura para
os catadores ligados às centrais
municipais está pronta, com os
grupos de cooperativas independentes e com os catadores avulsos
a conversa apenas engatinha.
Andrea Matarazzo afirmou que
o modelo de gestão das centrais
de triagem "está aberto" ao catador que queira participar, mas a
negociação com as cooperativas
que atuam na região central, que
já têm uma rede de escritórios e
empresas das quais retiram papéis e papelão, começou apenas
no início do mês.
"O programa é viável, mas a
grande massa [dos catadores]
ainda não foi chamada para discutir", afirmou Carlos Antônio
dos Reis, 37, o Carlão, membro da
equipe de articulação do movimento nacional de catadores, um
ex-camelô que mudou de ramo
há seis anos. Ele é da Recicla Vida,
cooperativa com 70 participantes
instalada na baixada do Glicério
que usa carrocinhas puxadas a
mão.
Carrocinhas
"As carrocinhas podem continuar no centro, não há o menor
problema." A afirmação categórica do secretário Andrea Matarazzo foi um refresco para os representantes de cooperativas independentes de catadores e catadores avulsos que estavam ontem no
anúncio das mudanças na coleta
seletiva.
A decisão marca um recuo tucano -no início do mês, ao anunciar uma ampla pesquisa sobre o
perfil dos carroceiros em São Paulo, o secretário municipal do Trabalho, Gilmar Viana, ainda trabalhava com a diretriz de barrar as
carrocinhas no centro, inviabilizando a atuação das cooperativas
independentes e dos carroceiros
avulsos.
Ontem, Matarazzo conheceu
pessoalmente o padre Júlio Lancellotti, um dos principais articuladores dos catadores. Pediu para
não ser chamado de "higienista".
O padre solicitou "transparência". Eles trocaram farpas nos últimos dias por causa da instalação, pela prefeitura, de uma rampa inclinada áspera na ligação entre a avenida Paulista e a avenida
Dr. Arnaldo. Segundo o padre, o
objetivo da medida é evitar que
moradores de rua fiquem no local. A gestão Serra diz que o objetivo é acabar com o abrigo para ladrões.
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