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Escolas de lata acabam; "puxadinhos", não
Último colégio improvisado foi desativado ontem em São Paulo, mas ainda há 56 salas de latinha anexas às de alvenaria
Barulhentas e apertadas, classes, que abrigam 7.000 estudantes, esquentam muito no verão e são frias em demasia no inverno
DANIELA TÓFOLI
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo desativou ontem, a três dias das
eleições, a última escola de lata
-estrutura feita de chapas metálicas parecidas com contêineres. Mas ainda restam 56 salas
na cidade feitas desse material.
Espécie de "puxadinho escolar", as salas de lata foram construídas no mesmo terreno de
escolas de alvenaria para abrigar turmas que não couberam
no prédio principal. Hoje, alojam cerca de 7.000 alunos.
Assim como as escolas de lata, esquentam demais no verão
e são frias em demasia no inverno. Além disso, são apertadas e muito barulhentas -em
dias de chuva, é difícil entender
o que o professor fala.
Segundo o secretário municipal de Educação, Alexandre
Schneider, todas as salas de latinha, e também as 16 de madeira, serão substituídas.
"Mas escola de lata não existe
mais a partir de hoje [ontem].
Restaram algumas salas em
unidades com construção normal", disse na inauguração da
Emei no Jardim Laranjeiras,
em São Mateus (zona leste).
No evento, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) disse que cumpriu meta imposta no início da
gestão José Serra. "Resgatamos
um atraso cometido por gestões anteriores." Serra assumiu
em 2005 com 51 escolas de lata
e 192 salas de lata.
A assessoria da secretaria de
Educação afirma que 120 salas
de lata já foram substituídas,
mas a Folha apurou que nem
todas se transformaram em salas de alvenaria. Em ao menos
dois casos, as salas foram demolidas e os alunos fazem todas as atividades no pátio ou na
sala de leitura. A Emei (escola
municipal de educação infantil) Magdalena Tagliaferro, na
zona leste, é uma delas.
Ontem, uma funcionária da
escola confirmou que as três
classes de lata foram desativadas em julho, mas até agora nenhuma obra de substituição teve início. "Era melhor ter deixado as salas de lata. Agora, as
crianças têm de ficar no pátio,
mesmo no frio", diz a funcionária, que não quer ser identificada. "A situação está uma tristeza." Os 110 alunos têm de 4 a 6
anos. Quando chove, são reunidos em áreas cobertas.
Outro exemplo é a Emef (escola municipal de ensino fundamental) Raul Pompéia, em
Parada de Taipas, zona norte.
Segundo funcionários, havia
três salas de lata no local. Duas
foram substituídas por alvenaria. Restou uma, que foi retirada mesmo sem haver outro espaço para abrigar as crianças.
Por causa disso, os alunos ocupam há 15 dias, de improviso,
uma sala de leitura da escola.
Os funcionários da escola dizem que a licitação para construir a sala já foi feita, porém
ninguém até agora foi ao local
para iniciar a obra. Em média,
38 alunos entre 7 e 10 anos ou
do supletivo assistem à aula na
sala de leitura por vez -há quatro turnos na escola. "A sala
tem uma janela pequena, é super abafada. E as carteiras ficam espremidas entre os livros,
que ainda estão ali. O pior é que
todos os 2.000 estudantes da
escola estão sem aula de leitura", diz uma professora.
A Secretaria de Educação
diz, em nota, que a sala de alvenaria que falta na Raul Pompéia "está sendo concluída".
"Enquanto isso, os alunos estudam provisoriamente na sala
de leitura, cujo acervo está em
outra parte da escola. Por enquanto, as atividades de leitura
ocorrem nas salas de aula. É
uma situação temporária."
Em relação à situação da
Magdalena Tagliaferro, diz que
os alunos têm atividades lúdicas no pátio. "Isso ocorre em
várias escolas e já ocorria
quando essas unidades ainda
tinham salas de lata. Portanto,
não é correto dizer que as atividades ocorrem no pátio porque
as salas metálicas foram demolidas e as de alvenaria não ficaram prontas. Aulas em pátio
são uma rotina pedagógica."
Problema antigo
Alunos de uma ex-escola de
lata, a Emef Jardim Vila Nova,
na zona leste, também vivem
uma situação improvisada.
Enquanto esperam o CEU
Azul da Cor do Mar ficar pronto, em 2007, ocupam salas comerciais na sobreloja de um supermercado -lugar abafado,
sem refeitório e área de lazer.
As escolas de lata foram construídas na gestão Celso Pitta
(hoje no PTB) para atender
emergencialmente a demanda.
No mandato de Marta Suplicy
(PT), dez foram substituídas.
Colaborou DIEGO ZANCHETTA , do "Agora"
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