São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Insatisfeito com palco, Niemeyer veta teatro

Arquiteto não gostou do resultado final obtido por peça que ele havia planejado

Ele agora deverá projetar outra vez o item, que tem funções estética, acústica e de iluminação e ocupa o palco do Teatro Popular

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Insatisfeito com o resultado final de seu projeto para o Teatro Popular de Niterói, o arquiteto Oscar Niemeyer, 98, conseguiu adiar a inauguração da obra, que deveria ter ocorrido há uma semana.
O mais renomado arquiteto brasileiro achou que uma peça planejada por ele para ocupar toda a extensão do palco não obteve o efeito que ele previa. Para que a obra seja concluída, o que ainda não tem prazo, Niemeyer deverá projetar outra vez o item, que tem funções estética, acústica e de iluminação.
Um dos destaques do Caminho Niemeyer -conjunto de obras do arquiteto reunidas na orla de Niterói, cidade a 15 km do Rio-, o Teatro Popular seria inaugurado no último dia 22, com um show do cantor e compositor Martinho da Vila.
Os convites para a inauguração já tinham sido distribuídos. Uma semana antes do show, porém, Niemeyer visitou a obra e manifestou o seu desagrado. O pedido do arquiteto surpreendeu o prefeito de Niterói, Godofredo Pinto (PT).
Não se sabe se Martinho da Vila estará disponível na nova data a ser marcada.

Um mês
Presidente do Grupo Executivo Caminho Niemeyer, o arquiteto Rodrigo Figueiredo previu que em um mês, com as modificações determinadas por Niemeyer, o teatro poderá ser inaugurado.
Segundo Figueiredo, o arquiteto não gostou do resultado final do defletor acústico, peça de gesso, em tom branco, que acompanha toda a extensão do palco. "O tamanho e a localização da peça estavam previstos no projeto dele. Na visita, Oscar viu que ela não deu o efeito visual que ele gostaria. Oscar é exigente, não gostou. Ele achou que ficou tímido. Queria uma coisa mais arrojada. Em razão disso, a prefeitura resolveu atender o pedido dele e adiou a inauguração."
Embora trabalhe para um órgão vinculado à prefeitura, Figueiredo é uma indicação de Niemeyer, que queria alguém de sua confiança para conduzir a construção dos prédios que projetou para Niterói.
Figueiredo ainda não sabe o que mudará no projeto. Ele aguarda que o escritório de Niemeyer apresente um novo modelo de defletor.
A peça custa cerca de R$ 25 mil, mas parte do material utilizado poderá ser reaproveitado, o que amenizará as despesas extras.
Caberá ao Grupo Executivo pagar as alterações propostas por Niemeyer.

Caminho Niemeyer
Em construção, o Caminho Niemeyer começou com o Museu de Arte Contemporânea, inaugurado em 1996 em um platô com vista panorâmica da baía de Guanabara.
Hoje o museu é uma das principais atrações turísticas do Estado do Rio.
Já estão prontos o Memorial Roberto Silveira, a praça Juscelino Kubitschek e a estação hidroviária de Charitas. Estão em construção a Fundação Oscar Niemeyer e o Centro Petrobras de Cinema.
O projeto prevê ainda uma catedral católica, uma batista, uma capela no mar em homenagem à Nossa Senhora do Líbano, a nova estação das barcas de passageiros que ligam Niterói ao Rio de Janeiro, uma praça e um aquário.
O Teatro Popular é uma das jóias do Caminho. O acesso se dá por uma rampa helicoidal, que termina em um foyer de 580 m2.
A platéia tem capacidade para abrigar até 350 pessoas. O palco, no entanto, pode ser revertido para a área externa, voltada para a baía de Guanabara. Ali, milhares de pessoas poderão assistir aos espetáculos da programação.


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