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Insatisfeito com palco, Niemeyer veta teatro
Arquiteto não gostou do resultado final obtido por peça que ele havia planejado
Ele agora deverá projetar outra vez o item, que tem funções estética, acústica e de iluminação e ocupa o palco do Teatro Popular
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Insatisfeito com o resultado
final de seu projeto para o Teatro Popular de Niterói, o arquiteto Oscar Niemeyer, 98, conseguiu adiar a inauguração da
obra, que deveria ter ocorrido
há uma semana.
O mais renomado arquiteto
brasileiro achou que uma peça
planejada por ele para ocupar
toda a extensão do palco não
obteve o efeito que ele previa.
Para que a obra seja concluída,
o que ainda não tem prazo, Niemeyer deverá projetar outra
vez o item, que tem funções estética, acústica e de iluminação.
Um dos destaques do Caminho Niemeyer -conjunto de
obras do arquiteto reunidas na
orla de Niterói, cidade a 15 km
do Rio-, o Teatro Popular seria
inaugurado no último dia 22,
com um show do cantor e compositor Martinho da Vila.
Os convites para a inauguração já tinham sido distribuídos.
Uma semana antes do show,
porém, Niemeyer visitou a obra
e manifestou o seu desagrado.
O pedido do arquiteto surpreendeu o prefeito de Niterói,
Godofredo Pinto (PT).
Não se sabe se Martinho da
Vila estará disponível na nova
data a ser marcada.
Um mês
Presidente do Grupo Executivo Caminho Niemeyer, o arquiteto Rodrigo Figueiredo
previu que em um mês, com as
modificações determinadas
por Niemeyer, o teatro poderá
ser inaugurado.
Segundo Figueiredo, o arquiteto não gostou do resultado final do defletor acústico, peça
de gesso, em tom branco, que
acompanha toda a extensão do
palco. "O tamanho e a localização da peça estavam previstos
no projeto dele. Na visita, Oscar
viu que ela não deu o efeito visual que ele gostaria. Oscar é
exigente, não gostou. Ele achou
que ficou tímido. Queria uma
coisa mais arrojada. Em razão
disso, a prefeitura resolveu
atender o pedido dele e adiou a
inauguração."
Embora trabalhe para um órgão vinculado à prefeitura, Figueiredo é uma indicação de
Niemeyer, que queria alguém
de sua confiança para conduzir
a construção dos prédios que
projetou para Niterói.
Figueiredo ainda não sabe o
que mudará no projeto. Ele
aguarda que o escritório de
Niemeyer apresente um novo
modelo de defletor.
A peça custa cerca de R$ 25
mil, mas parte do material utilizado poderá ser reaproveitado,
o que amenizará as despesas
extras.
Caberá ao Grupo Executivo
pagar as alterações propostas
por Niemeyer.
Caminho Niemeyer
Em construção, o Caminho
Niemeyer começou com o Museu de Arte Contemporânea,
inaugurado em 1996 em um
platô com vista panorâmica da
baía de Guanabara.
Hoje o museu é uma das
principais atrações turísticas
do Estado do Rio.
Já estão prontos o Memorial
Roberto Silveira, a praça Juscelino Kubitschek e a estação hidroviária de Charitas. Estão em
construção a Fundação Oscar
Niemeyer e o Centro Petrobras
de Cinema.
O projeto prevê ainda uma
catedral católica, uma batista,
uma capela no mar em homenagem à Nossa Senhora do Líbano, a nova estação das barcas
de passageiros que ligam Niterói ao Rio de Janeiro, uma praça e um aquário.
O Teatro Popular é uma das
jóias do Caminho. O acesso se
dá por uma rampa helicoidal,
que termina em um foyer de
580 m2.
A platéia tem capacidade para abrigar até 350 pessoas. O
palco, no entanto, pode ser revertido para a área externa,
voltada para a baía de Guanabara. Ali, milhares de pessoas
poderão assistir aos espetáculos da programação.
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