São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cai a pobreza entre os idosos, diz IBGE

Melhoria na renda dos mais velhos pode ser atribuída ao reajuste do salário mínimo e a seu reflexo nas aposentadorias

População mais velha chega a 10,2%; quase um terço continua trabalhando e um em cada cinco aposentados decide voltar a trabalhar

JANAINA LAGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Síntese dos Indicadores Sociais mostra que a pobreza entre os idosos caiu nos últimos anos. Segundo a pesquisa, em 1996, eles eram 7,7% do total da população que vivia com até meio salário mínimo. Em 2006, o número caiu para 5,4%.
Em compensação, crianças com até 14 anos ainda eram, em 2006, 40,2% dos que têm renda de até meio salário mínimo.
Segundo o IBGE, a melhora na renda dos idosos pode ser atribuída ao reajuste dos salários mínimos, relacionado ao pagamento de benefícios.
Em 1996, 25,1% dos idosos com mais de 60 anos viviam com até meio salário mínimo. No ano passado, esse patamar caiu para 12,4%.
Os dados reforçam a discussão sobre a destinação de recursos de programas sociais e sobre a sustentabilidade das políticas sociais. No ano passado, a população de idosos atingiu 19,07 milhões de pessoas, 10,2% da população.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os benefícios são favoráveis. "Nas camadas de baixa renda a aposentadoria não é suficiente para sustentar a própria família."
O economista Marcelo Neri, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirma que os idosos tiveram muitas conquistas nos últimos anos, mas questiona a sustentabilidade dos benefícios. "Nossa geração não vai poder contar com esse sistema."
Os dados mostram que 30,9% dos idosos estão no mercado de trabalho. Quase um em cada cinco aposentados (19,2%) volta a trabalhar. Em 1996, 18,3% dos aposentados mantinham uma ocupação.
De forma geral, 44,5% dos idosos moram com os filhos, mas o número de idosos que moram sozinhos está crescendo e alcançou em 2006, 13,2%.
A pesquisa revela ainda que a população branca está sobre-representada entre os idosos. A proporção de pessoas brancas neste grupo etário é de 57% e a de pretos e pardos, de 41,6%. Na população em geral, os brancos são 49,7%. "É a diferença social acumulada ao longo da vida", afirmou Lúcia Cunha, pesquisadora do IBGE.

Trabalho
Pernambucana radicada no Rio de Janeiro desde os sete anos, Dina Teixeira de Carvalho, 73, foi trabalhar há 18 anos num consultório médico em Copacabana, bairro onde mora e que percentualmente concentra o maior número de idosos do país. Ela não saiu desse emprego mesmo depois de se aposentar, há três anos.
Ela é o retrato dos idosos do país que precisam complementar a renda. No consultório, ganha exatamente o mesmo que recebe do INSS: um salário mínimo. O benefício foi por idade, já que nunca contribuiu formalmente para a Previdência.
O cardiologista Abraham Pfeferman, 78, médico do hospital Albert Einstein, em São Paulo, diz que não pretende parar de trabalhar. Com disposição para atender seus pacientes quatro vezes por semana, ele só não continua dando aulas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) porque foi obrigado a parar por causa da aposentadoria compulsória.
"Com essa idade, as pessoas têm uma fertilidade psíquica grande, acumularam bastante experiência e é quando mais podem retribuir à sociedade."


Colaborou DANIELA TÓFOLI


Texto Anterior: IBGE investigará cor do brasileiro em 2008 e pode ampliar categorias
Próximo Texto: Aos 89, prefeito mais velho quer tentar reeleição
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.