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Cai a pobreza entre os idosos, diz IBGE
Melhoria na renda dos mais velhos pode ser atribuída ao reajuste do salário mínimo e a seu reflexo nas aposentadorias
População mais velha chega a 10,2%; quase um terço continua trabalhando e um em cada cinco aposentados decide voltar a trabalhar
JANAINA LAGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Síntese dos Indicadores
Sociais mostra que a pobreza
entre os idosos caiu nos últimos anos. Segundo a pesquisa,
em 1996, eles eram 7,7% do total da população que vivia com
até meio salário mínimo. Em
2006, o número caiu para 5,4%.
Em compensação, crianças
com até 14 anos ainda eram, em
2006, 40,2% dos que têm renda
de até meio salário mínimo.
Segundo o IBGE, a melhora
na renda dos idosos pode ser
atribuída ao reajuste dos salários mínimos, relacionado ao
pagamento de benefícios.
Em 1996, 25,1% dos idosos
com mais de 60 anos viviam
com até meio salário mínimo.
No ano passado, esse patamar
caiu para 12,4%.
Os dados reforçam a discussão sobre a destinação de recursos de programas sociais e
sobre a sustentabilidade das
políticas sociais. No ano passado, a população de idosos atingiu 19,07 milhões de pessoas,
10,2% da população.
Para o presidente do IBGE,
Eduardo Nunes, os benefícios
são favoráveis. "Nas camadas
de baixa renda a aposentadoria
não é suficiente para sustentar
a própria família."
O economista Marcelo Neri,
da FGV (Fundação Getúlio
Vargas), afirma que os idosos
tiveram muitas conquistas nos
últimos anos, mas questiona a
sustentabilidade dos benefícios. "Nossa geração não vai poder contar com esse sistema."
Os dados mostram que
30,9% dos idosos estão no mercado de trabalho. Quase um em
cada cinco aposentados
(19,2%) volta a trabalhar. Em
1996, 18,3% dos aposentados
mantinham uma ocupação.
De forma geral, 44,5% dos
idosos moram com os filhos,
mas o número de idosos que
moram sozinhos está crescendo e alcançou em 2006, 13,2%.
A pesquisa revela ainda que a
população branca está sobre-representada entre os idosos. A
proporção de pessoas brancas
neste grupo etário é de 57% e a
de pretos e pardos, de 41,6%.
Na população em geral, os
brancos são 49,7%. "É a diferença social acumulada ao longo da vida", afirmou Lúcia Cunha, pesquisadora do IBGE.
Trabalho
Pernambucana radicada no
Rio de Janeiro desde os sete
anos, Dina Teixeira de Carvalho, 73, foi trabalhar há 18 anos
num consultório médico em
Copacabana, bairro onde mora
e que percentualmente concentra o maior número de idosos do país. Ela não saiu desse
emprego mesmo depois de se
aposentar, há três anos.
Ela é o retrato dos idosos do
país que precisam complementar a renda. No consultório, ganha exatamente o mesmo que
recebe do INSS: um salário mínimo. O benefício foi por idade,
já que nunca contribuiu formalmente para a Previdência.
O cardiologista Abraham
Pfeferman, 78, médico do hospital Albert Einstein, em São
Paulo, diz que não pretende parar de trabalhar. Com disposição para atender seus pacientes
quatro vezes por semana, ele só
não continua dando aulas da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo) porque foi obrigado a parar por causa da aposentadoria compulsória.
"Com essa idade, as pessoas
têm uma fertilidade psíquica
grande, acumularam bastante
experiência e é quando mais
podem retribuir à sociedade."
Colaborou DANIELA TÓFOLI
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