São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Prefeitura aumenta turno de escola infantil e revolta pais

Cerca de 30 pais tentam evitar a ampliação da carga horária de crianças de 3 a 5 anos, que passarão a ficar oito horas na escola

Hoje crianças ficam duas horas a menos na escola; pais dizem que ampliação é desnecessária para crianças tão pequenas

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo formado por cerca de 30 pais no Ipiranga, zona sul de São Paulo, está revoltado com a ampliação da carga horária na Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Milton Improta. No ano que vem, as crianças de 3 a 5 anos deverão passar a ficar oito horas na escola -duas a mais do que hoje.
A mudança, segundo técnicos da secretaria municipal da Educação, deverá ocorrer em algumas unidades da rede porque é uma demanda comum das mães que trabalham fora.
A diferença é que, na Milton Improta, grande parte das mães, segundo funcionários da própria escola, não trabalha ou tem emprego de meio-período.
Desde a semana passada, quando souberam da mudança, os pais estão promovendo uma campanha "caça-alunos".
Isso porque foram informados em reunião com representantes da secretaria que, se houver mais alunos matriculados, será impossível unificar os turnos. Atualmente a escola tem 190 estudantes, o que é considerado pouco para manter dois turnos -manhã (7h às 12h45) e tarde (13h às 18h45). Com mais cem, segundo os pais, a prefeitura desiste do turno integral ( 8h às 16h).
"Hoje, elas [as crianças] ficam seis horas, de manhã ou a tarde, e já é bastante tempo porque são muito pequenas", diz Fabiana Eugênio, 24, uma das mães. "Sei que não ficarão o período inteiro na sala de aula, mas, se é para brincar e para dormir, prefiro que meu filho faça isso em casa."
Para a professora da Faculdade de Educação da PUC, Maria Ângela Carneiro, a reivindicação dos pais é justa. Ela indica turnos menores para os estudantes mais novos.
"O período integral é um suporte para a família que trabalha o dia todo. Não há pesquisas sobre o impacto dele nos resultados, nem dos mais velhos", diz. "Acho que quatro horas, para os pequenos, está ótimo."
Localizada em um bairro de classe média, grande parte dos pais não precisa deixar os filho o dia todo no colégio, explicaram as mães e as funcionárias do local. "Mesmo quem fica o dia todo fora de casa prefere os horários dos dois turnos porque assim, na hora do almoço, conseguem buscar ou levar as crianças", diz Rosenil Gonçalves, 29, outra mãe do grupo. "Com o novo horário, elas teriam de sair no meio da tarde e ficaria difícil buscá-las."
Rosenil, que é massoterapeuta, conta que procura um emprego de meio período e, se o horário mudar, não poderá mais trabalhar.
José Ricardo Garcia, 40, que trabalha com informática e tem dois filhos na Milton Improta, organizou seus horários para poder ficar com eles de manhã e levá-los ao colégio. "Trabalho à tarde e os pego no fim do dia. Se mudar, ficará complicado."
Flávia Zapparolli, 34, diz considerar desnecessário o turno de oito horas. "Ele é válido para comunidades onde as mães trabalham o dia todo. Não é o nosso caso."


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