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Prefeitura aumenta turno de escola infantil e revolta pais
Cerca de 30 pais tentam evitar a ampliação da carga horária de crianças de 3 a 5 anos, que passarão a ficar oito horas na escola
Hoje crianças ficam duas horas a menos na escola; pais dizem que ampliação é desnecessária para crianças tão pequenas
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo formado por cerca
de 30 pais no Ipiranga, zona sul
de São Paulo, está revoltado
com a ampliação da carga horária na Emei (Escola Municipal
de Educação Infantil) Milton
Improta. No ano que vem, as
crianças de 3 a 5 anos deverão
passar a ficar oito horas na escola -duas a mais do que hoje.
A mudança, segundo técnicos da secretaria municipal da
Educação, deverá ocorrer em
algumas unidades da rede porque é uma demanda comum
das mães que trabalham fora.
A diferença é que, na Milton
Improta, grande parte das
mães, segundo funcionários da
própria escola, não trabalha ou
tem emprego de meio-período.
Desde a semana passada,
quando souberam da mudança,
os pais estão promovendo uma
campanha "caça-alunos".
Isso porque foram informados em reunião com representantes da secretaria que, se
houver mais alunos matriculados, será impossível unificar os
turnos. Atualmente a escola
tem 190 estudantes, o que é
considerado pouco para manter dois turnos -manhã (7h às
12h45) e tarde (13h às 18h45).
Com mais cem, segundo os
pais, a prefeitura desiste do turno integral ( 8h às 16h).
"Hoje, elas [as crianças] ficam seis horas, de manhã ou a
tarde, e já é bastante tempo
porque são muito pequenas",
diz Fabiana Eugênio, 24, uma
das mães. "Sei que não ficarão o
período inteiro na sala de aula,
mas, se é para brincar e para
dormir, prefiro que meu filho
faça isso em casa."
Para a professora da Faculdade de Educação da PUC, Maria Ângela Carneiro, a reivindicação dos pais é justa. Ela indica turnos menores para os estudantes mais novos.
"O período integral é um suporte para a família que trabalha o dia todo. Não há pesquisas
sobre o impacto dele nos resultados, nem dos mais velhos",
diz. "Acho que quatro horas,
para os pequenos, está ótimo."
Localizada em um bairro de
classe média, grande parte dos
pais não precisa deixar os filho
o dia todo no colégio, explicaram as mães e as funcionárias
do local. "Mesmo quem fica o
dia todo fora de casa prefere os
horários dos dois turnos porque assim, na hora do almoço,
conseguem buscar ou levar as
crianças", diz Rosenil Gonçalves, 29, outra mãe do grupo.
"Com o novo horário, elas teriam de sair no meio da tarde e
ficaria difícil buscá-las."
Rosenil, que é massoterapeuta, conta que procura um emprego de meio período e, se o
horário mudar, não poderá
mais trabalhar.
José Ricardo Garcia, 40, que
trabalha com informática e tem
dois filhos na Milton Improta,
organizou seus horários para
poder ficar com eles de manhã
e levá-los ao colégio. "Trabalho
à tarde e os pego no fim do dia.
Se mudar, ficará complicado."
Flávia Zapparolli, 34, diz
considerar desnecessário o turno de oito horas. "Ele é válido
para comunidades onde as
mães trabalham o dia todo. Não
é o nosso caso."
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