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RIO DE JANEIRO
Sociedade exige que polícia seja violenta, diz chefe da PM
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A sociedade brasileira exige que a polícia aja de forma
violenta. A afirmação é do
comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Ubiratan
Ângelo, que disse ainda que o
problema da corrupção policial está acabando.
"A nossa sociedade já decidiu que a polícia tem que ser
violenta", afirmou Ângelo,
após assistir, na noite de anteontem, ao filme "Tropa de
Elite", do diretor José Padilha, que exibe cenas de corrupção e tortura policiais.
Sem negar que há corrupção na PM, o coronel afirmou
que a polícia está mudando e
combatendo o problema,
que, segundo ele, existe onde
é tolerado pela sociedade.
"A corrupção está exatamente onde a sociedade tolera que ela esteja: em lugares
como os esquemas de prostituição, de drogas e o jogo do
bicho. Mas estamos diante
da polícia que queremos",
afirmou. "O dia em que eu tiver dúvidas disso entrego
meu cargo."
O comandante Ubiratan
Ângelo disse ainda, em debate no jornal O Globo, no Rio,
achar que o filme "Tropa de
Elite" cria a percepção de
que o Bope (Batalhão de
Operações Especiais, a chamada elite da PM) é mais ético que o resto da corporação.
"O filme não faz acusações,
faz denúncias. Mas o pessoal
[oficiais da PM] achou que
cria a percepção de que há
duas polícias, o Bope e uma
outra, corrupta e incompetente. Só temos uma polícia.
Mesmo no Bope não há blindagem [para a corrupção]",
declarou.
Preocupação
O diretor do filme, José
Padilha, rebateu dizendo-se
"preocupado" com os valores
que permeiam a PM fluminense. "Mostramos em "close" o Bope torturando. Na
minha escala de valores, tortura é pior que corrupção
[atribuída, no filme, aos policiais militares regulares]. Me
preocupa que a corporação
pense assim", disse.
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