|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Morte de advogado "foi, sim, execução", diz OAB
Criminalista denunciara suposto grupo de extermínio
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) São Paulo, o
advogado criminalista Márcio
Roberto Campos, 36, morto
com nove tiros na cabeça na
noite da última quinta-feira,
em Osasco (Grande São Paulo),
foi vítima de "execução".
Campos advogava havia cinco anos. No ano passado, fez denúncias sobre um grupo de extermínio supostamente formado por policiais militares dos
batalhões 14º e 42º, de Osasco,
chamado Eu Sou a Morte.
"Pela maneira como ele foi
morto, pela quantidade de tiros
e por ter atuado nesse caso em
que PMs são investigados por
formar um grupo de extermínio, acreditamos que a morte
dele foi, sim, uma execução",
disse ontem Marco Aurélio Vicente Vieira, presidente da Comissão Especial de Acompanhamento de Inquéritos dos
Advogados Vítimas de Homicídio, da OAB de São Paulo.
De acordo com Vieira, que
hoje pedirá à Polícia Civil que
acompanhe a investigação sobre a morte de Campos, entre
janeiro de 2004 e ontem, 29 advogados foram assassinados no
Estado. Neste ano, foram três
vítimas. "Só percebemos ligação [da morte] com a profissão
nesse caso de Osasco", disse.
Há um ano, a Folha revelou a
existência do grupo de matadores. Trinta assassinatos são investigados como cometidos
por seus integrantes. À época, a
PM afastou das ruas 20 policiais da Força Tática. Dois foram presos. Um deles foi o soldado Fábio Fernando de Santana Saviolo, do 42º. Ele teve
um telefone celular apreendido
no local onde três pessoas foram baleadas no Jardim Bonança. O advogado Campos
ajudou os baleados a entregar o
aparelho à Polícia Civil. Saviolo
sempre negou integrar o grupo
e ter ligação com os baleados.
O comandante-geral da PM,
coronel Roberto Antonio Diniz,
informou em nota: "A morte do
advogado deve ser apurada por
inquérito policial em Osasco" e,
"pelo que se apurou até o momento, nada há que indique a
existência de um "grupo de extermínio" formado por PMs".
Procurados pela reportagem,
o secretário da Segurança Pública da gestão de José Serra
(PSDB), Ronaldo Marzagão, e o
delegado-geral da Polícia Civil,
Maurício José Lemos Freire,
não se manifestaram sobre a
possibilidade de "execução".
Texto Anterior: Diretora de órgão da ONU cobra apuração Próximo Texto: Moacyr Scliar: A complicada vida dos pombos Índice
|