São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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Morte de advogado "foi, sim, execução", diz OAB

Criminalista denunciara suposto grupo de extermínio

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) São Paulo, o advogado criminalista Márcio Roberto Campos, 36, morto com nove tiros na cabeça na noite da última quinta-feira, em Osasco (Grande São Paulo), foi vítima de "execução".
Campos advogava havia cinco anos. No ano passado, fez denúncias sobre um grupo de extermínio supostamente formado por policiais militares dos batalhões 14º e 42º, de Osasco, chamado Eu Sou a Morte.
"Pela maneira como ele foi morto, pela quantidade de tiros e por ter atuado nesse caso em que PMs são investigados por formar um grupo de extermínio, acreditamos que a morte dele foi, sim, uma execução", disse ontem Marco Aurélio Vicente Vieira, presidente da Comissão Especial de Acompanhamento de Inquéritos dos Advogados Vítimas de Homicídio, da OAB de São Paulo.
De acordo com Vieira, que hoje pedirá à Polícia Civil que acompanhe a investigação sobre a morte de Campos, entre janeiro de 2004 e ontem, 29 advogados foram assassinados no Estado. Neste ano, foram três vítimas. "Só percebemos ligação [da morte] com a profissão nesse caso de Osasco", disse.
Há um ano, a Folha revelou a existência do grupo de matadores. Trinta assassinatos são investigados como cometidos por seus integrantes. À época, a PM afastou das ruas 20 policiais da Força Tática. Dois foram presos. Um deles foi o soldado Fábio Fernando de Santana Saviolo, do 42º. Ele teve um telefone celular apreendido no local onde três pessoas foram baleadas no Jardim Bonança. O advogado Campos ajudou os baleados a entregar o aparelho à Polícia Civil. Saviolo sempre negou integrar o grupo e ter ligação com os baleados.
O comandante-geral da PM, coronel Roberto Antonio Diniz, informou em nota: "A morte do advogado deve ser apurada por inquérito policial em Osasco" e, "pelo que se apurou até o momento, nada há que indique a existência de um "grupo de extermínio" formado por PMs".
Procurados pela reportagem, o secretário da Segurança Pública da gestão de José Serra (PSDB), Ronaldo Marzagão, e o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício José Lemos Freire, não se manifestaram sobre a possibilidade de "execução".


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