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Aos 87 anos , veterano narra em livro suas experiências
na Segunda Guerra Mundial
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca é tarde para contar
uma boa história. Foi pensando assim que o veterano da Segunda Guerra Mundial Vicente Pedroso da Cruz, 87, lançou, no sábado, "Os Caminhos
de um Pracinha".
O livro fala sobre suas memórias na FEB (Força Expedicionária Brasileira) durante
a campanha italiana, entre
1944 e 1945.
Desde que voltou da guerra,
esse mineiro de Guaxupé narrava suas experiências para
familiares, amigos e revistas
ligadas a associações de veteranos. Após muitos anos, instigado pelas filhas Lúcia e Lucila, ele resolveu registrar a
história completa em livro.
"Eu escrevi sobre o que eu
vi", diz o veterano.
O lançamento da publicação, em um restaurante em
São Paulo, reuniu familiares e
amigos de Pedroso. Entre
eles, o colega veterano Samuel
Silva, 87, que foi comandante
de uma seção de metralhadoras e compartilhou o "batismo
de fogo" de Pedroso, então
soldado da 8ª Companhia, do
3º Batalhão do 6º Regimento
de Infantaria.
Mais de 60 anos depois do
conflito, os veteranos brasileiros da Segunda Guerra ainda
se reúnem regularmente -algo que dificilmente acontece
com colegas de faculdade, ou
de uma empresa.
"Na infantaria, existe a
maior cumplicidade entre os
homens que servem e que vivem juntos", fala Pedroso.
"Um depende do outro, existe
muito companheirismo".
No livro, Pedroso narra não
apenas os momentos de combate. Conta também dos períodos de descanso e treinamento que entremeiam a vida
de um soldado. Mostra, ainda,
a compaixão pelos civis italianos. Em uma das passagens,
descreve a reação de um grupo de mulheres e crianças ao
ver os soldados brasileiros recebendo a ração de pão branco -raríssima, para os civis.
""Pane bianco! Pane bianco!!" Tais palavras, pronunciadas por bocas famintas, impressionaram-nos tanto, que
nenhum de nós teve coragem
para engolir um só bocado daquele pão", escreve [.]
O livro tem introdução do
historiador Cesar Campiani
Maximiano, que fez doutorado sobre a FEB na Universidade de São Paulo. "Vicente pôde desfrutar de apenas oito
dias de descanso durante um
total de 240 dias de linha de
frente", observa Maximiliano.
A publicação não possui
editora. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail
cipedroso@yahoo.com.br.
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