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"Tumulto só mudou de lugar", diz passageira
Durante operação, vagões já chegavam lotados à estação
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma hora antes de começar a
operação Embarque Melhor do
Metrô, na plataforma sentido
Corinthians-Itaquera da estação Sé, os trens da linha vermelha divulgavam a ação com a seguinte mensagem: "Mais conforto e tranquilidade. De segunda a sexta, das 17h30 às 19h,
na estação Sé".
Mas, no tempo em que a operação foi implantada (cerca de
45 minutos), o usuário do sistema não encontrou nem conforto nem tranquilidade.
Embora houvesse uma numerosa equipe de agentes
orientando os passageiros, alguns deles tentando animar o
ansioso e estressado público
com musiquinhas que diziam
"vem por aqui, Itaquera é logo
ali", o caos era iminente.
O sistema consistia em direcionar, manter e dividir os passageiros nas laterais das escadarias, antes das baias metálicas que dão acesso às portas.
Conforme elas esvaziassem,
mais passageiros seriam liberados para ocupá-las.
Dentro dessas baias, havia
adesivos circulares com as letras A, B e C, que sinalizavam as
filas, e números de um a dez,
que indicavam os passageiros.
"Procurem ficar em cima do
seu número", dizia um dos
agentes. Após entrarem as 30
pessoas e cada uma se posicionar sobre um adesivo, os fiscais
fechavam o acesso à baia.
O plano era que, a cada viagem, entrassem "apenas" 660
pessoas em cada trem (30 em
cada porta). O problema era
que, quando as portas se
abriam, a maioria dos 30 usuários não conseguia entrar, pois
a composição já vinha lotada
das estações República e
Anhangabaú, principalmente
dessa última, que recebe linhas
de ônibus da praça Ramos e do
terminal Bandeira.
Confusão
A ajudante-geral Lilian da
Silva, 39, estava insatisfeita.
Disse estar confusa, mas ponderou: "Se pelos menos os trens
viessem vazios... O tumulto só
mudou de lugar".
O repórter, que ocupava a posição B4 na fila, mal conseguia
entrar no trem. Fazendo as
contas, se ninguém mudou de
lugar na fila, 18 pessoas ainda
ficaram para fora.
O agente pedia: "Vamos utilizar o espaço dentro do trem!"
Não havia tal espaço. Para que
as portas fechassem, os agentes
ajudavam a empurrar as pessoas para dentro. A mochila do
repórter ficou presa na porta e
assim foi até a estação Pedro 2º.
Ao fundo, a voz do condutor:
"Ao ouvir o sinal, afaste bolsas e
mochilas das portas do trem.
Evite atrasos".
Questionada se o sistema havia piorado, a diarista Maria
Cristina dos Santos, 30, foi categórica. "Piorou! Porque complica. Isso aqui é ruim e vai ser
ruim pra sempre!"
(JAMES CIMINO)
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