São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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"Tumulto só mudou de lugar", diz passageira

Durante operação, vagões já chegavam lotados à estação

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma hora antes de começar a operação Embarque Melhor do Metrô, na plataforma sentido Corinthians-Itaquera da estação Sé, os trens da linha vermelha divulgavam a ação com a seguinte mensagem: "Mais conforto e tranquilidade. De segunda a sexta, das 17h30 às 19h, na estação Sé".
Mas, no tempo em que a operação foi implantada (cerca de 45 minutos), o usuário do sistema não encontrou nem conforto nem tranquilidade.
Embora houvesse uma numerosa equipe de agentes orientando os passageiros, alguns deles tentando animar o ansioso e estressado público com musiquinhas que diziam "vem por aqui, Itaquera é logo ali", o caos era iminente.
O sistema consistia em direcionar, manter e dividir os passageiros nas laterais das escadarias, antes das baias metálicas que dão acesso às portas. Conforme elas esvaziassem, mais passageiros seriam liberados para ocupá-las.
Dentro dessas baias, havia adesivos circulares com as letras A, B e C, que sinalizavam as filas, e números de um a dez, que indicavam os passageiros.
"Procurem ficar em cima do seu número", dizia um dos agentes. Após entrarem as 30 pessoas e cada uma se posicionar sobre um adesivo, os fiscais fechavam o acesso à baia.
O plano era que, a cada viagem, entrassem "apenas" 660 pessoas em cada trem (30 em cada porta). O problema era que, quando as portas se abriam, a maioria dos 30 usuários não conseguia entrar, pois a composição já vinha lotada das estações República e Anhangabaú, principalmente dessa última, que recebe linhas de ônibus da praça Ramos e do terminal Bandeira.

Confusão
A ajudante-geral Lilian da Silva, 39, estava insatisfeita. Disse estar confusa, mas ponderou: "Se pelos menos os trens viessem vazios... O tumulto só mudou de lugar".
O repórter, que ocupava a posição B4 na fila, mal conseguia entrar no trem. Fazendo as contas, se ninguém mudou de lugar na fila, 18 pessoas ainda ficaram para fora.
O agente pedia: "Vamos utilizar o espaço dentro do trem!" Não havia tal espaço. Para que as portas fechassem, os agentes ajudavam a empurrar as pessoas para dentro. A mochila do repórter ficou presa na porta e assim foi até a estação Pedro 2º. Ao fundo, a voz do condutor: "Ao ouvir o sinal, afaste bolsas e mochilas das portas do trem. Evite atrasos".
Questionada se o sistema havia piorado, a diarista Maria Cristina dos Santos, 30, foi categórica. "Piorou! Porque complica. Isso aqui é ruim e vai ser ruim pra sempre!"
(JAMES CIMINO)


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