São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dono de loja nega fabricação de fogos

Sandro Castellani se apresentou à polícia em Santo André e disse ter fugido após explosão por temer ser agredido por vizinhos

Comerciante afirmou que comprava produtos prontos e que mantinha 50% do estoque permitido, "pois não era época típica de venda"

Rivaldo Gomes/Folha Imagem
Sandro Castellani ao lado da mulher, após depoimento à polícia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"

O dono da loja de fogos de artifícios que explodiu na última quinta-feira, Sandro Castellani, 40, se apresentou à Polícia Civil ontem em Santo André (Grande São Paulo) e negou que fabricasse fogos de artifício ou armazenasse materiais para a fabricação de explosivos.
Castellani estava desaparecido desde o acidente, que matou duas pessoas e deixou outras 12 feridas. A explosão ainda arrasou dezenas de casas e foi ouvida a uma distância de 5 km.
Castellani e a mulher, Conceição Fernandes, 41, prestaram depoimento por mais de uma hora e disseram que compravam produtos prontos e já embalados de fábricas de Minas Gerais. "Foi uma fatalidade. Falaram que a gente fabricava [fogos de artifício]. Meu filho de cinco anos vivia lá. Como é que eu ia fazer isso?", questionou a mulher do comerciante.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que o dano causado no quarteirão não é proporcional a uma simples loja de fogos de artifício.
O casal foi liberado. O delegado Alberto José Alves disse que em 30 dias o Instituto de Criminalística irá concluir um laudo sobre o caso. O objetivo é saber se a explosão foi gerada apenas pelos fogos de artifício ou se havia explosivos para a fabricação dos fogos.
A lei de porte de armas prevê prisão de três a seis anos para quem possuir ou fabricar irregularmente artefato explosivo. Já o Código Penal estabelece pena de seis meses a dois anos para quem possuir material explosivo sem licença.

"50% do permitido"
O comerciante disse que possuía autorização do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil para armazenar os produtos. Segundo ele, a loja mantinha 50% do estoque permitido, "pois não era uma época típica de venda do produto".
Faltava para Castellani a licença municipal -em Santo André, a autorização para o funcionamento do comércio de fogos é temporária, podendo ser concedida por 60 dias, prorrogáveis por mais 30.
O comerciante afirmou que, por isso, a loja estava fechada e ele vinha tomando as providências para poder comercializar os fogos no final do ano.
O delegado Alves disse que o lojista será indiciado pelo crime de explosão, com os qualificantes de homicídio, lesão corporal leve e danos materiais.
Castellani afirmou que fugiu momentos após o acidente porque corria o risco de ser agredido por vizinhos. "Fui para a casa de minha tia e tomei calmante. Minha vida acabou, né."
Ele se disse disposto a recuperar os prejuízos materiais causados aos vizinhos, mas afirmou que atualmente não tem recursos para isso.
À polícia o comerciante afirmou que o incêndio teve início quando ele consertava uma antena de TV. O equipamento caiu sobre a rede elétrica e causou um curto-circuito.
Alves considerou essa explicação "convincente". Para o delegado, não restam dúvidas sobre a causa da explosão.


Texto Anterior: Rafael Parra Morillas (1921-2009): A Espanha e a família de um comerciante
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.