São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2001

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Chuva faz morador passar sufoco

DA REPORTAGEM LOCAL

Gilbertino André dos Santos, 66, há 29 anos morador da rua Irumu, no Campo Limpo (zona sul), ainda se lembra do deslizamento ocorrido no local há quase dez anos que causou a morte de uma menina de dois anos.
"A terra desceu morro abaixo e pegou em cheio o barraco da família", descreve Gilbertino. "Eu e os outros vizinhos ainda tentamos salvá-la, mas já era tarde."
A favela de alvenaria da rua Irumu é um dos locais de risco apontados pela prefeitura. Um dos moradores, que não quer se identificar, diz que toda vez que chove há infiltração de água, aumentando os riscos de desabamento.
Gilbertino também já passou sufoco com as chuvas. Há alguns anos, abandonou o seu barraco porque um outro caiu sobre ele. Hoje, já não tem medo. "Uma casa sustenta a outra e não vai cair."
Também em Campo Limpo, mas distante uns dez quilômetros de Gilbertino, Chico Ceará também se recorda das dificuldades que a chuva traz.
Dono de bar, ele mora em frente à rua Campo Novo do Sul, na Vila Andrade, e afirma que as "gambiarras" feitas por moradores do morro provocam vazamento de água, que infiltra na terra e facilita os deslizamentos.
Da rua, é possível ver sobre a casa de Chico Ceará uma boa quantidade de terra que ameaça cair. Várias casas estão destruídas e uma placa alerta que no local passa uma tubulação da Petrobras.
O geólogo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) Agostinho Ogura diz que "a prefeitura sabe o que fazer e o correto é apontar os locais, as obras e os recursos para essas obras". Ogura foi um dos geólogos que, em 1989, elaborou um estudo para a prefeitura sobre áreas de risco em favelas. Na ocasião, foram estudados cerca de 300 locais.



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