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INFÂNCIA
Adolescentes revelam que se prostituíam nas proximidades de Manaus
Bar flutuante serve para programas
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Três adolescentes, de 12 anos a
17 anos, foram resgatadas ontem
da prostituição no flutuante
Aquático, bar improvisado num
barracão construído sobre uma
plataforma de madeira, que fica
no rio Negro, Manacapuru (AM).
Em fevereiro, dez meninas de 13
anos a 17 anos foram retiradas do
mesmo flutuante por agentes da
Delegacia Especializada na Assistência e Proteção à Criança e ao
Adolescente, que combate a exploração sexual, mas o dono do
bar não chegou a ser indiciado.
Ontem, a delegada Graça Silva
decidiu convocar ele e um proprietário de um motel para prestarem esclarecimentos, depois
que ouviu os depoimentos das garotas. Há indícios de favorecimento à prostituição.
Os flutuantes estão ancorados
em portos clandestinos nas localidades do Tarumã, na zona oeste,
Puraquequera e Colônia Antônio
Aleixo, na zona leste, e em cidades
próximas a Manaus. Nos fim de
semana, os donos desses flutuantes contratam grupos musicais
para atrair os clientes. Muitos deles ancoram suas embarcações,
algumas lanchas luxuosas, para
contratar garotas. Os programas
variam entre R$ 20 e R$ 300.
Segundo a delegada Graça Silva,
só uma operação "sem trégua"
poderá acabar com a exploração
sexual nesses flutuantes, uma vez
que são os donos dos bares que facilitam a exploração das menores.
De acordo com a delegada, é necessário o apoio inclusive do Judiciário. Uma portaria baixada pelo
Juizado da Infância e Juventude
de Manaus permite que menores
de 18 frequentem bares e restaurantes, acompanhadas de responsáveis. "Há casos em que própria
mãe prostitui a filha", disse Silva.
O Programa Sentinela, de apoio
a meninas e meninos vítimas de
violência sexual, atendeu neste
ano 84 casos de prostituição infantil, em Manaus.
Uma das garotas resgatadas no
flutuante Aquático, A.F.V., 14, era
dada como desaparecida desde
março pela família. No depoimento, ela afirmou que começou
a fazer programas em companhia
das amigas K.C.V.R., 12, e K.V.R.,
17, que são irmãs.
"Só saímos de lá [do flutuante]
quando encerra a atividade. Os
programas, fazemos num motel,
em Manaus. É só atravessar o rio",
disse A., que negou entregar parte
do dinheiro para o dono do motel
ou do flutuante. "Faço até três
programas por noite, cada um a
R$ 20. Os clientes chegam, e a
gente se oferece", contou K.C..
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