São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vereador do Guarujá diz que recebeu proposta de propina

Parlamentar afirma que ganharia R$ 4.000 mensais se votasse a favor do prefeito

O suposto esquema apelidado de "mensalinho do Guarujá" já levou ao afastamento de 8 dos 14 vereadores do município

MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O vereador petista Luiz Carlos Romazzini, do Guarujá (87 km a sudeste de São Paulo), afirmou ter recebido a proposta para ganhar R$ 4.000 mensais se participasse de um suposto esquema de corrupção na Câmara Municipal -apelidado de "mensalinho do Guarujá".
Segundo Romazzini, a proposta foi feita no começo de 2005 pelo ex-vereador e então presidente da Câmara José Nilton Lima de Oliveira, o Doidão, em uma pizzaria. Se aceitasse, ele teria de votar com a bancada governista a favor do prefeito Farid Said Madi (PDT).
Doidão teria anotado os valores e alguns nomes no papel-toalha da pizzaria, que foi entregue ao Ministério Público por Romazzini. O ex-presidente do Legislativo -cujo mandato foi cassado em maio- teria dito que o dinheiro viria pelo prefeito e por seu irmão e assessor, Ysam Said Madi.
Segundo Romazzini, a bancada da situação tem cargos na prefeitura que seriam ocupados por pessoas indicadas e, inclusive, por familiares. Ele ainda afirma que vem sendo ameaçado e, desde a semana passada, usa colete à prova de balas.
No dia 16 deste mês, Romazzini levou ao Ministério Público um vídeo e cópias de boletins de ocorrência sobre ameaças que teria sofrido. O vídeo mostra falas de uma vereadora que, segundo Romazzini, demonstra desavenças entre eles.

Mensalinho
O suposto esquema de corrupção foi a público em setembro, por um vídeo gravado na Câmara que mostrava o ex-presidente do Legislativo Gilson Fidalgo Salgado (PMDB) distribuindo dinheiro a vereadores. A propina seria para pedir apoio a projetos do prefeito.
No dia 11 de outubro, o Ministério Público entrou com ação por ato de improbidade administrativa contra 12 políticos. Os promotores pediam o afastamento de 11 pessoas -entre elas, o prefeito.
A Justiça aceitou parcialmente a sugestão, determinando afastamento de 8 dos 14 vereadores da cidade e quebra do sigilo bancário e fiscal do prefeito, de seu irmão e do secretário do Governo. Na semana passada, o Ministério Público pediu o afastamento dos três.
Além de Romazzini, a Folha conversou com outros três dos seis vereadores que não foram acusados de envolvimento. Paulo Piasenti (PT do B) e Marcelo Gaspar (PSDB) disseram ter ouvido falar sobre o suposto esquema e negaram ter sido convidados a participar.
Já Valter Suman (PSB), da situação, disse que nunca tinha ouvido falar sobre o caso antes de ele aparecer na imprensa. O vereador Ituo Sato (PTB) não respondeu aos recados da reportagem. Carlos Eduardo Pirani (PDT) não foi localizado.


Texto Anterior: Há 50 anos: Campanha educa sobre trânsito
Próximo Texto: Cidade teve cinco escândalos em uma só década
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.