|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após 30 h, homem mata a amante grávida e se suicida
A mulher do comerciante, que também era mantida refém, saiu ilesa
Armado, Gilberto Gomes de Lima se trancou com as duas dentro de sua loja no início da madrugada de sexta, na zona leste de São Paulo
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois mortos. Esse foi o desfecho do drama passional iniciado na última quinta-feira em
Cidade Tiradentes, bairro do
extremo leste de São Paulo.
Após manter em cárcere privado por cerca de 30 horas a mulher, Gilvanete da Silva de Lima, 37, e a amante grávida, Andreia Pereira Santana, 31, o comerciante Gilberto Gomes de
Lima, 43, matou Andreia, ontem de manhã, com um tiro no
pescoço e depois se suicidou
com um tiro no ouvido esquerdo. Gilvanete não foi ferida.
Andreia era casada havia 12
anos com o marceneiro Edson
Pereira Dutra, 34, tinha dois filhos e estava grávida de dois
meses, supostamente de Lima.
Para a família de Lima, esse
teria sido o motivo do crime.
"Ela [Andreia] afirmava que o
filho era dele e queria que ele
lhe desse dinheiro para fazer
um aborto", disse Nizete Gomes de Lima, irmã do comerciante. Lima tinha dois filhos,
de 21 e 19 anos, com Gilvanete.
O romance entre Lima e Andreia era de conhecimento de
Gilvanete e da família havia pelo menos quatro meses. Segundo Nizete, o irmão estava tentando sair do relacionamento.
O drama começou na tarde
da última quinta-feira, quando
Andreia foi até a loja de Lima
depois de deixar um dos filhos
na escola. Segundo vizinhos,
eles começaram a discutir, e Lima baixou a porta da loja onde
vendia móveis. Gilvanete foi
até o local após telefonar para
lá e ser atendida por Andreia.
Por volta das 23h30, alertado
por uma irmã de Andreia de
que a mulher poderia estar na
loja de Lima, o marido da moça
foi ao local com três amigos. Ele
tentou abrir a porta, mas Lima
fez quatro disparos. Acionada
pelo marido de Andreia, a polícia chegou por volta da meia-noite e também foi recebida a
tiros. Depois disso, começaram
o cerco e as negociações.
Durante as cerca de 30 horas
em que permaneceu cercado
pela polícia no cômodo sem janelas e com uma única porta, o
comerciante conversou pelo
telefone com a mãe e com alguns dos dez irmãos várias vezes, mas ninguém conseguiu
convencê-lo a se entregar. "Nós
não tínhamos esperança nenhuma, porque ele já tinha dito
[por telefone] que só sairia de lá
morto", disse Nizete. Lima não
fez nenhuma exigência para liberar as mulheres.
Ontem, por volta das 6h15, o
filho de Lima, Gilmar da Silva
Lima, 21, cobrador de ônibus,
tentou fazer o pai se render. O
comerciante disse que se entregaria e libertaria as mulheres.
Às 6h30, porém, foram ouvidos dois tiros. A polícia arrombou a porta de aço, mas teve dificuldade para entrar porque o
marceneiro tinha montado
uma barricada com móveis.
Os policiais encontraram Lima deitado em uma cama e Andreia caída no chão. O revólver,
próximo ao corpo dele, tinha
ainda quatro balas no tambor.
Gilvanete saiu andando. Lima e
Andreia foram levados ao hospital de Guaianazes. Gilvanete,
bastante nervosa, foi encaminhada ao hospital do Itaim
Paulista (zona leste). Foi medicada, mas não quis esperar por
um exame mais detalhado.
As irmãs de Lima disseram
que ele era uma pessoa "calma
e tranqüila", mas que já esperavam pela tragédia, pois o irmão
jamais se entregaria à polícia
com receio de ser preso. Segundo a Secretaria da Segurança,
Lima não tinha ficha criminal.
No final da tarde, o marido de
Andreia prestou depoimento
no 54º DP e disse que só na
quinta-feira, após o sumiço da
mulher, ficou sabendo do relacionamento que ela mantinha
com o comerciante. Disse ainda
que não sabia da gravidez.
Lima será enterrado à tarde.
Até a conclusão desta edição, a
família de Andreia não tinha
comparecido ao IML para liberar seu corpo.
O coronel da PM Joviano
Conceição Lima, que comandou a operação, disse que a possibilidade de usar gás sonífero
para "apagar" Lima e as reféns
foi descartada porque a polícia
não tem autorização para empregar esse tipo de produto.
Colaboraram MARIANA TAMARI, JOSÉ ERNESTO CREDENDIO e GUSTAVO PETRÓ, da
Reportagem Local, e o "Agora"
Texto Anterior: Plantão médico: Para AMB, há escolas médicas demais Próximo Texto: Protesto de operadores atrasa vôos pelo 2º dia Índice
|