São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Ex-funcionário denunciou leite adulterado

Empregado que trabalhava no setor de produção da Copervale protocolou denúncia na Polícia Federal acusando a empresa

Denúncia em que informou que a diretoria obrigava a adulteração para gerar mais lucro seria represália a demissão de diretor

DA FOLHA RIBEIRÃO

A denúncia de que a Copervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande), de Uberaba (MG), estaria adulterando o leite com a adição de soda cáustica foi protocolada na Polícia Federal no dia 10 de agosto por um funcionário que trabalhava no setor de produção da cooperativa, segundo a Folha apurou ontem com envolvidos no caso.
O denunciante, identificado apenas como Gilson, teria dito que a diretoria obrigava alguns funcionários a adulterar o leite para obter mais lucro.
A reportagem tentou ouvir ontem o delegado da PF de Uberaba, Ricardo Ruiz da Silva, mas o telefone dele estava desligado. Durante a semana, Ruiz informou apenas que a PF tinha recebido uma denúncia.
As denúncias de adulteração de leite surgiram após a Operação Ouro Branco, desencadeada na última segunda pela PF em Minas. A operação teve 27 prisões e ocorreu após três meses de investigação da PF e do Ministério Público de Uberaba, que detectou adulteração no leite da Copervale e da Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro), de Passos.
A investigação apontou que substâncias como soda cáustica e água oxigenada eram adicionadas ao leite. Entre os clientes das cooperativas estão a Parmalat, a Nestlé e a Calu.
Segundo a Folha apurou, a denúncia encaminhada à PF seria uma represália à demissão de um diretor da Copervale após Luiz Gualberto Ribeiro Ferreira vencer a eleição para a presidência da cooperativa.
Uma semana após a operação, apenas Ferreira segue preso em Uberaba. Ele teve sua prisão preventiva decretada na última sexta, quando venceu o prazo da prisão provisória.
Em Passos, o presidente da Casmil, Dácio Del Fraro, dois diretores da cooperativa e um fiscal do Ministério Público Estadual tiveram sua prisão provisória prorrogada na sexta.

Defesa conjunta
Os advogados dos envolvidos na suspeita de adulteração do leite em Uberaba articulam uma defesa conjunta dos clientes. No sábado, eles se reuniram na cidade mineira com os diretores que foram soltos na madrugada -Luiz Ricardo Freire Rezende, José Afonso de Freitas e Romes Monteiro Fonseca Júnior- e com o químico Pedro Renato Borges, acusado pela Polícia Federal de ser o inventor da fórmula com soda cáustica que seria adicionada ao leite na Copervale.
A reportagem tentou ouvir os diretores e o químico ontem, sem sucesso. Os advogados informaram que seus clientes estavam muito abalados e preferiam passar o final de semana recolhidos com a família.
Na sexta, o advogado do químico, Rodrigo Bueno Braga, afirmou que seu cliente não tinha "nada a ver com essa história de fraude". Borges, que é uma espécie de consultor de laticínios, trabalhou oito anos na Colaba de Batatais e depois passou por fábricas em Aguaí, Catanduva, Boa Esperança e São Sebastião do Paraíso.
Na saída da penitenciária, à 0h15 de sábado, o único que deu entrevista foi o fiscal do Ministério da Fazenda Afonso Antonio da Silva. "Minha prisão foi arbitrária. Só fui levar uns documentos na cooperativa e fui preso", disse.


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