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Ex-funcionário denunciou leite adulterado
Empregado que trabalhava no setor de produção da Copervale protocolou denúncia na Polícia Federal acusando a empresa
Denúncia em que informou que a diretoria obrigava a adulteração para gerar mais lucro seria represália a demissão de diretor
DA FOLHA RIBEIRÃO
A denúncia de que a Copervale (Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio
Grande), de Uberaba (MG), estaria adulterando o leite com a
adição de soda cáustica foi protocolada na Polícia Federal no
dia 10 de agosto por um funcionário que trabalhava no setor
de produção da cooperativa, segundo a Folha apurou ontem
com envolvidos no caso.
O denunciante, identificado
apenas como Gilson, teria dito
que a diretoria obrigava alguns
funcionários a adulterar o leite
para obter mais lucro.
A reportagem tentou ouvir
ontem o delegado da PF de
Uberaba, Ricardo Ruiz da Silva,
mas o telefone dele estava desligado. Durante a semana, Ruiz
informou apenas que a PF tinha recebido uma denúncia.
As denúncias de adulteração
de leite surgiram após a Operação Ouro Branco, desencadeada na última segunda pela PF
em Minas. A operação teve 27
prisões e ocorreu após três meses de investigação da PF e do
Ministério Público de Uberaba,
que detectou adulteração no
leite da Copervale e da Casmil
(Cooperativa Agropecuária do
Sudoeste Mineiro), de Passos.
A investigação apontou que
substâncias como soda cáustica e água oxigenada eram adicionadas ao leite. Entre os
clientes das cooperativas estão
a Parmalat, a Nestlé e a Calu.
Segundo a Folha apurou, a
denúncia encaminhada à PF
seria uma represália à demissão de um diretor da Copervale
após Luiz Gualberto Ribeiro
Ferreira vencer a eleição para a
presidência da cooperativa.
Uma semana após a operação, apenas Ferreira segue preso em Uberaba. Ele teve sua
prisão preventiva decretada na
última sexta, quando venceu o
prazo da prisão provisória.
Em Passos, o presidente da
Casmil, Dácio Del Fraro, dois
diretores da cooperativa e um
fiscal do Ministério Público Estadual tiveram sua prisão provisória prorrogada na sexta.
Defesa conjunta
Os advogados dos envolvidos
na suspeita de adulteração do
leite em Uberaba articulam
uma defesa conjunta dos clientes. No sábado, eles se reuniram na cidade mineira com os
diretores que foram soltos na
madrugada -Luiz Ricardo
Freire Rezende, José Afonso de
Freitas e Romes Monteiro
Fonseca Júnior- e com o químico Pedro Renato Borges,
acusado pela Polícia Federal de
ser o inventor da fórmula com
soda cáustica que seria adicionada ao leite na Copervale.
A reportagem tentou ouvir os
diretores e o químico ontem,
sem sucesso. Os advogados informaram que seus clientes estavam muito abalados e preferiam passar o final de semana recolhidos com a família.
Na sexta, o advogado do químico, Rodrigo Bueno Braga,
afirmou que seu cliente não tinha "nada a ver com essa história de fraude". Borges, que é
uma espécie de consultor de laticínios, trabalhou oito anos na
Colaba de Batatais e depois
passou por fábricas em Aguaí,
Catanduva, Boa Esperança e
São Sebastião do Paraíso.
Na saída da penitenciária, à
0h15 de sábado, o único que
deu entrevista foi o fiscal do
Ministério da Fazenda Afonso
Antonio da Silva. "Minha prisão foi arbitrária. Só fui levar
uns documentos na cooperativa e fui preso", disse.
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