São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Retomar área é retaliação, diz Clube de Regatas Tietê

Advogado nega que o local esteja abandonado

JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado do Clube de Regatas Tietê, Caio Marcelo Dias, afirmou ontem que a decisão da prefeitura de não renovar a concessão de uso da área à agremiação, que ocupa o local há 102 anos, foi um ato de retaliação da gestão Gilberto Kassab (DEM).
O prazo de concessão venceu ontem e a prefeitura afirmou que não renovará o benefício. A agremiação, que vai recorrer à Justiça, tem 60 dias para desocupar o terreno, de 64 mil m2.
Segundo o advogado, a prefeitura retomou a área depois que o clube foi à Justiça, em agosto deste ano, cobrar uma indenização da Dersa -empresa responsável pelas obras de ampliação da marginal Tietê-, que transformou um anexo do clube, conhecido como pirâmide, em canteiro de obras.
A área, de acordo com Dias, foi cedida ao clube, também em regime de comodato, até 2046.
"Na época, fomos procurados por um advogado que dizia representar a Dersa e que nos prometeu uma indenização de R$ 151 mil pelas melhorias que tínhamos feito no local. Mas nunca pagaram."
O secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, diz que a indenização não foi paga porque, ao fim das obras de ampliação da marginal, será construído um campo de futebol no valor de R$ 1,2 milhão na área do triângulo, que hoje tem cerca de 11 mil m2.
"O clube foi se degradando. Está cheio de dívidas e hoje é uma área subaproveitada. Há um mês eu avisei ao Edson [Oliveira Rocha, presidente do clube] que não havia alternativa, apesar do esforço heroico dele", diz o secretário.
O advogado do clube contesta a afirmação do secretário e diz que o fechamento do clube afetará cerca de 5.000 pessoas, entre sócios, membros de confederações esportivas, funcionários públicos que utilizam as dependências gratuitamente e crianças carentes que participam de atividades esportivas no local.
Ibrahim Kahale, 83, sócio há 57 anos, não acha que o Clube de Regatas é subaproveitado.
Segundo funcionários, faça chuva ou faça sol, ele joga todos os dias duas horas de tênis.
Além disso, o libanês cristão ortodoxo construiu, com doações de amigos, uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Imaculada Conceição dentro do clube.
"Se o clube acabar, estou disposto a me trancar na capela, fazer greve de fome e só sair de lá morto", diz o sócio.
Ontem, o prefeito Gilberto Kassab disse que, embora a prefeitura vá retomar o terreno, o clube terá uma área destinada a sócios e diretores, por seu trabalho social.


Colaborou EVANDRO SPINELLI , da Reportagem Local


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