São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2011

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Defensoria recomenda que MEC anule questões do Enem

Se medida não for tomada, exame deve ser cancelado, acredita órgão da União

Segundo PF, perguntas reproduzidas em simulado estavam em cadernos de pré-teste devolvidos em branco

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO


A Defensoria Pública da União recomendou ontem que o Inep (instituto ligado ao MEC responsável pelo Enem) anule 14 questões da edição 2011.
Nove delas foram reproduzidas de forma idêntica num simulado do colégio Christus, de Fortaleza, duas semanas antes do exame. Nas demais, havia semelhanças.
A Defensoria recomendou ainda que, caso elas não sejam anuladas, o Inep cancele o Enem. Para o defensor federal Ricardo Salviano, objetivo é "garantir a isonomia".
A recomendação serve como alerta. Se for não acatada, a Defensoria pode entrar na Justiça com ação civil pública.
O Ministério da Educação disse que não tinha sido informado da recomendação.
Segundo a investigação da Polícia Federal, as questões reproduzidas no simulado estavam em dois cadernos do pré-teste do Enem que foram devolvidos em branco ao MEC. A pasta confirma a informação.
Em outubro de 2010, o MEC enviou ao Christus 32 tipos diferentes de cadernos para um pré-teste do Enem, quando as questões são testadas antes de ser escolhidas para a prova.
Após o Enem, foi revelado que nove questões idênticas às do Enem constavam, duas semanas antes, de um simulado do Christus.
Segundo a PF, os dois alunos do Christus que deveriam ter participado do pré-teste faltaram naquele dia. E as questões que foram parar no simulado estavam justamente nos cadernos dos alunos ausentes. Ou seja, os cadernos ficaram em branco e ociosos durante a aplicação do pré-teste.
O que os investigadores querem saber é se alguém copiou as questões nesse tempo.
O MEC acusa o colégio de ter dado acesso antecipado a questões do Enem a seus alunos. A escola tem dito que o simulado foi feito com questões de seu próprio banco, que pode ter sido abastecido com itens enviados por estudantes.
Ontem, o professor Jahilton, apontado por alunos do Christus como responsável pela distribuição de simulado, deu aula e negou a responsabilidade.
Além de ter usado questões que alunos de Fortaleza tiveram acesso antecipadamente, o Enem contou com ao menos uma pergunta que já circulava na internet antes.
A pergunta 137 da prova amarela, que cobrava que o aluno lesse um relógio de luz, pode ser encontrada em blogs, como o do professor Nicolau Gilberto Ferraro. Também foi usada num simulado em setembro do grupo de ensino Bernoulli, de Belo Horizonte.
Segundo o colégio, foi apenas "coincidência". A reportagem não localizou Ferraro.
O MEC disse que não há problema no fato de algumas questões serem públicas, pois a prova tem 180 questões e usa um sistema em que perguntas fáceis praticamente não interferem no resultado.


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