São Paulo, quarta, 29 de outubro de 1997.



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ACIDENTE
Adolescentes foram atropelados quando dormiam em linha férrea em Dracena (SP)
Quatro jovens são mortos por trem

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
em Presidente Prudente

Quatro adolescentes morreram atropelados por um trem da Fepasa quando, segundo a polícia, dormiam sobre os trilhos da linha que liga Panorama a São Paulo, em Dracena (645 a noroeste de São Paulo), às 6h de ontem.
O chapeiro Everson Santos de Matos, 17, Claudinei Alves da Silva, 17, ambos de Dracena, e Eide Fleizer Silva Bortoletto, 13, morreram no local do acidente.
A estudante Cláudia Pereira, 16, também de Dracena, ainda chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo de Eide Bortoletto, que seria de Lucélia (575 km a noroeste de SP), não havia sido retirado por parentes até final da tarde de ontem.
Everson trabalhava à noite em uma lanchonete na cidade e sustentava a mãe e um irmão de cinco anos. Anteontem, ele estava de folga. "Ele nem era de sair. Ia de casa para o trabalho e depois para casa", afirmou Sérgio Bastos, 35, tio de Everson, que disse acreditar que seu sobrinho estava mesmo dormindo.
A polícia encontrou, ao lado dos corpos, restos de um radiogravador, um cobertor e vários pedaços de carpete.
O maquinista Cesar Augusto Toledo afirmou em depoimento à polícia que percebeu algo nos trilhos, logo após uma curva, e acionou os freios de emergência. Segundo o maquinista, os quatro adolescentes estavam deitados sob o cobertor.
O trem, de prefixo BBP-02, que havia saído às 5h10 de Panorama, com chegada prevista em São Paulo às 20h47, ficou parado durante três horas. A polícia abre inquérito hoje para apurar as mortes, classificadas como homicídio culposo (não intencional).
Família
A Agência Folha não conseguiu localizar familiares de Claudinei e Cláudia, que moravam no Jardim Brasilândia, bairro na periferia de Dracena, próximo ao trecho da linha da Fepasa onde ocorreu o acidente. Claudinei, segundo a polícia, também havia trabalhado temporariamente na mesma lanchonete que Everson.
A polícia localizou a família de Eide Bortoletto em um bairro pobre de Lucélia (575 km a noroeste de São Paulo). No momento em que os policiais chegaram, não havia ninguém em casa.
De acordo com relatos de vizinhos ao investigador Antonio Bozzo, Eide havia fugido de casa e estava sendo procurada pelos parentes. Eles teriam dito que a família havia tomado o trem para Panorama, cidade onde ela costumava se esconder.



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