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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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Morador teme por sujeira e insegurança

DA REPORTAGEM LOCAL

Sujeira, insegurança e hostilidade da população assistida. Essas são as razões apontadas por moradores do entorno da praça Ernâni Braga para pedir o fim da distribuição de alimentos no local. "Preconceito não há. Há incompatibilidade de uso. Aqui é uma região residencial e essas pessoas são estranhas ao bairro", diz Delson Lopes, da Sociedade dos Amigos do Alto de Pinheiros.
Para o economista Fernando José, 40, a doação deveria ser feita na sinagoga de Zajac, que também fica na praça, em vez do canteiro. "Acho vergonhoso expor assim as pessoas que precisam de caridade, como numa vitrine", critica.
Segundo o rabino, caso a doação fosse feita na sinagoga, a fila ficaria próxima à entrada das casas, causando mais problemas à vizinhança.
As reclamações não se restringem a moradores. "Esses maloqueiros tiram o sossego da gente. Se fosse um bairro pobre como o meu, mas num bairro bom não era para ter bagunça", afirma a empregada doméstica Inês da Silva, 48.

Defensores
Entretanto, o projeto conta com apoio de moradores como a advogada aposentada Eunice Costa, 73. "Eu não acho que o canteiro seja o melhor lugar, mas por que a prefeitura, em vez de proibir, não ajuda a organizar?", questiona Costa, que também critica a atitude da vizinhança. "Tem gente achando que com isso o bairro fica feio, parece favela. Mas o que é preferível? Afastar os pobres para o bairro ficar bonito? Isso é uma hipocrisia sem tamanho num país de miseráveis." (AL)


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