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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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SAÚDE

Dados de 2002 mostram que situação na capital paulista vai na contramão da tendência nacional; incidência da doença cai na cidade

Casos de Aids "empatam" entre gays e heteros

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O último boletim de Aids na cidade de São Paulo aponta um "empate técnico" das formas heterossexual e homossexual e bissexual de transmissão do HIV entre homens.
A situação da capital paulista vai na contramão da tendência nacional, em que a transmissão heterossexual predomina.
Com 55.772 registros, a cidade de São Paulo concentra hoje 20% de todos os casos de Aids do país.
Em 2002, 31,2% dos registros foram decorrentes de transmissões entre homossexuais e bissexuais e 30,6% entre heterossexuais.
No ano de 2001, 30,4% ocorreram entre homens que fazem sexo com homens e 27,4% entre heterossexuais.
No país, até 2000, 42,5% dos registros eram de transmissão entre heterossexuais e 35% entre homens que fazem sexo com homens, segundo a Coordenação Nacional de DST/Aids.
No início da epidemia de Aids, em 1980, os casos eram decorrentes principalmente de relações homossexuais e bissexuais. Depois, houve uma virada.
Relatório do Banco Mundial sobre Aids na América Latina divulgado há cerca de duas semanas já alertava para a necessidade de intensificação de ações de prevenção para grupos de homens que fazem sexo com homens no país.
Segundo Maria Cristina Abbate, coordenadora de DST/Aids do município de São Paulo, a prefeitura está intensificando as ações específicas para esse grupo, em saunas, boates, cinemas e bares gays. "No projeto Cidadania Arco-Íris, os agentes de prevenção são todos homens homossexuais e bissexuais, o que facilita o trabalho", explica a coordenadora.
A incidência de Aids vem caindo na capital paulista. Diminuiu, entre 2001 e 2002, de 32 para 28 casos por 100 mil habitantes, mas vem recuando mais devagar entre as mulheres.
A notificação também melhorou. O número de casos cuja forma de transmissão do HIV é ignorada caiu de 23% para 20%. A taxa de transmissão vertical -de mãe para filho- caiu de 7% para 4% em 2002. O ideal é uma taxa de 2%. Mas, de acordo com a coordenação municipal, mesmo países desenvolvidos ainda não a alcançaram.
Segundo a coordenação municipal, a característica de "envelhecimento" da epidemia se mantém. Em 2002, as maiores incidências de Aids se concentram na faixa etária de 30 a 39 anos. Entre os homens, predomina na segunda posição do ranking de incidência a faixa etária de 40 a 49 anos.
A tendência é nacional e levou o Ministério da Saúde a anunciar uma campanha específica.
Ontem, o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa) da Bahia lançou campanha nacional para reduzir o preconceito a portadores do HIV.


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