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TRANSPORTE
Escolta que acompanha fiscais informou que deu 2 tiros para alto
3 são baleados em SP após apreensão de perua escolar
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três homens foram atingidos
por balas perdidas ontem de manhã durante um confronto entre
uma equipe de fiscalização da
Prefeitura de São Paulo e um grupo supostamente ligado a perueiros, por conta da apreensão de
uma van que fazia transporte escolar clandestino na zona sul.
Os fiscais da SPTrans -órgão
municipal que cuida do setor-
estavam acompanhados de uma
escolta armada privada contratada por empresários de ônibus.
As vítimas dizem que os disparos saíram da posição em que os
seguranças estavam. Os guardas
da escolta alegam que foram dados somente dois tiros para cima.
A apreensão da perua clandestina, que levava 12 crianças, foi feita
por volta das 6h20. O veículo, segundo a SPTrans, além de não ter
autorização para o serviço, tinha
pneus carecas, fiação exposta, volante com folga e estava sem tacógrafo (que registra a velocidade).
A equipe de fiscalização acompanhou a viagem da van apreendida para deixar as crianças na escola. Em seguida, na estrada do
M'Boi Mirim, foi cercada por 30
pessoas -para a polícia, eram perueiros clandestinos interessados
em resgatar a lotação escolar.
Os veículos da SPTrans foram
atingidos por paus e pedras. No
tumulto, testemunhas dizem ter
ouvido ao menos cinco disparos.
Carlos Antonio Sales, 31, José
Paixão Alves da Cruz, 28, e Sérgio
Eugênio Andrade, 23, foram atingidos. Eles dizem que estavam
perto de um ponto de ônibus. Sales foi baleado no pulso, Cruz, na
mão, e Andrade, na barriga
-apenas esse último continuava
internado ontem à noite, mas sem
correr risco de morte.
Um dos seis seguranças que integravam a escolta afirmou no
100º DP (Jardim Herculano) ter
dado só dois tiros para cima. Eles
disseram que havia gente armada
no grupo que atacou a fiscalização, formada por 13 integrantes.
O delegado Luiz Fernando Laurino afirmou que não é possível
saber ainda quem deu os tiros e
feriu os três homens. Os guardas
apresentaram apenas uma arma.
A SPTrans passou a contar com
a participação de empresas privadas armadas nas blitze contra
clandestinos no segundo semestre de 2002. Em fevereiro daquele
ano, três fiscais foram mortos depois de fazer uma apreensão.
O baixo contingente oferecido
pela PM e pela GCM para acompanhar as equipes de fiscalização
era visto por empresários de ônibus como um impedimento para
manter a fiscalização. Especialistas ouvidos pela Folha na época
diziam que esse fornecimento de
segurança privada era ilegal -já
que as viações são diretamente interessadas nas apreensões.
Hoje, segundo a SPTrans, os 160
servidores que atuam na fiscalização têm à disposição apenas 12
GCMs e dez PMs. A escolta privada tem 45 homens distribuídos
em 15 carros. A média de apreensões é de 400 veículos por mês.
O presidente da SPTrans, Gerson Bittencourt, disse que "as reações truculentas" depois das
apreensões já são "uma rotina".
Para ele, a participação da escolta armada é legal. Ele alega que esses seguranças não abordam veículos, mas apenas garantem a integridade física dos fiscais. A
SPTrans informou que vai aguardar os resultados dos exames.
Colaborou o "Agora"
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