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São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2003

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TRANSPORTE

Escolta que acompanha fiscais informou que deu 2 tiros para alto

3 são baleados em SP após apreensão de perua escolar

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Três homens foram atingidos por balas perdidas ontem de manhã durante um confronto entre uma equipe de fiscalização da Prefeitura de São Paulo e um grupo supostamente ligado a perueiros, por conta da apreensão de uma van que fazia transporte escolar clandestino na zona sul.
Os fiscais da SPTrans -órgão municipal que cuida do setor- estavam acompanhados de uma escolta armada privada contratada por empresários de ônibus.
As vítimas dizem que os disparos saíram da posição em que os seguranças estavam. Os guardas da escolta alegam que foram dados somente dois tiros para cima.
A apreensão da perua clandestina, que levava 12 crianças, foi feita por volta das 6h20. O veículo, segundo a SPTrans, além de não ter autorização para o serviço, tinha pneus carecas, fiação exposta, volante com folga e estava sem tacógrafo (que registra a velocidade).
A equipe de fiscalização acompanhou a viagem da van apreendida para deixar as crianças na escola. Em seguida, na estrada do M'Boi Mirim, foi cercada por 30 pessoas -para a polícia, eram perueiros clandestinos interessados em resgatar a lotação escolar.
Os veículos da SPTrans foram atingidos por paus e pedras. No tumulto, testemunhas dizem ter ouvido ao menos cinco disparos.
Carlos Antonio Sales, 31, José Paixão Alves da Cruz, 28, e Sérgio Eugênio Andrade, 23, foram atingidos. Eles dizem que estavam perto de um ponto de ônibus. Sales foi baleado no pulso, Cruz, na mão, e Andrade, na barriga -apenas esse último continuava internado ontem à noite, mas sem correr risco de morte.
Um dos seis seguranças que integravam a escolta afirmou no 100º DP (Jardim Herculano) ter dado só dois tiros para cima. Eles disseram que havia gente armada no grupo que atacou a fiscalização, formada por 13 integrantes.
O delegado Luiz Fernando Laurino afirmou que não é possível saber ainda quem deu os tiros e feriu os três homens. Os guardas apresentaram apenas uma arma.
A SPTrans passou a contar com a participação de empresas privadas armadas nas blitze contra clandestinos no segundo semestre de 2002. Em fevereiro daquele ano, três fiscais foram mortos depois de fazer uma apreensão.
O baixo contingente oferecido pela PM e pela GCM para acompanhar as equipes de fiscalização era visto por empresários de ônibus como um impedimento para manter a fiscalização. Especialistas ouvidos pela Folha na época diziam que esse fornecimento de segurança privada era ilegal -já que as viações são diretamente interessadas nas apreensões.
Hoje, segundo a SPTrans, os 160 servidores que atuam na fiscalização têm à disposição apenas 12 GCMs e dez PMs. A escolta privada tem 45 homens distribuídos em 15 carros. A média de apreensões é de 400 veículos por mês.
O presidente da SPTrans, Gerson Bittencourt, disse que "as reações truculentas" depois das apreensões já são "uma rotina".
Para ele, a participação da escolta armada é legal. Ele alega que esses seguranças não abordam veículos, mas apenas garantem a integridade física dos fiscais. A SPTrans informou que vai aguardar os resultados dos exames.


Colaborou o "Agora"


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