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FAB diz existir "zona cega" em controle aéreo do DF
Área é coberta por radares de Manaus, mas monitorada "às cegas" por Brasília
Colisão entre aviões foi aproximadamente na região, mas falha não explica por que Brasília não tentou contatar Legacy por 31 minutos
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em nota oficial na qual nega
a existência de qualquer "buraco negro" no espaço aéreo do
país, a Aeronáutica reconhece e
ilustra a chamada "zona cega"
do controle, uma região coberta por radar de Manaus, mas
que é monitorada "às cegas"
por Brasília -foi aproximadamente ali que ocorreu a colisão
entre o jato Legacy e o Boeing
da Gol em 29 de setembro, que
deixou 154 mortos.
Agora, quase dois meses depois do acidente, a Aeronáutica
tenta corrigir o problema, mas
enfrenta dificuldades técnicas.
Para que Brasília possa "ver"
essa área, uma rota movimentada, é preciso receber os dados
do radar baseado em São Félix
do Araguaia (MT). Faltam ajustes de software para que a visualização nas telas de radar seja precisa e segura.
"Já estamos em fase de testes", disse o brigadeiro Álvaro
Luiz Pinheiro da Costa, da área
técnica do Departamento de
Controle do Espaço Aéreo.
Controladores de tráfego aéreo de Brasília, alguns sob investigação pelo acidente do vôo
1907, consideram o documento
um reconhecimento público de
uma "falha do sistema" que teria contribuído para prejudicar
o trabalho da dupla que acompanhava o jato Legacy.
A nota da Aeronáutica não
aborda a questão da zona cega.
Mas afirma que o radar deve ser
visto como uma "ferramenta de
auxílio". "O Brasil poderia ter
seu tráfego aéreo controlado
por meio apenas de comunicações via rádio, sem prejuízo à
segurança de vôo", diz o texto.
Mas controladores afirmam
que a zona cega representa um
risco sério, já que haveria também falhas em várias freqüências de rádio na região. Isso não
é reconhecido oficialmente.
Segundo relatório preliminar da investigação oficial sobre o acidente, Brasília perdeu
a visualização de radar primário do jato a partir das 16h38. A
colisão aconteceu às 16h56, já
na área de transição dos dois
centros de controle.
Porém, a questão da zona cega não explica outra falha do
controle de tráfego, que deixou
o Legacy cruzar por Brasília e
seguir em rota para Manaus
sem tentar contato por 31 minutos, sendo que por sete minutos o transponder do jato
ainda funcionava e indicava o
nível de 37 mil pés (11,3 km), incorreto para aquele trecho.
A Aeronáutica reconheceu
que os sargentos foram "induzidos" ao erro pelo sistema.
Eles confiaram na indicação de
36 mil pés do radar primário.
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