São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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Associação estuda aceitar diabético e idoso como doadores

ABTO quer flexibilizar regras para diminuir a fila de espera de órgãos; comissão vai analisar pesquisas internacionais

Projeto da entidade é aproveitar órgãos de "doador limítrofe", pessoas com morte encefálica que têm alguma enfermidade

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Pessoas com diabetes, pressão alta, doenças cardíacas e hepatite B e C, entre outras doenças, podem passar a ser reconsideradas como potenciais doadoras de órgãos para diminuir a fila de espera por transplantes no Brasil. Órgãos de pessoas mais idosas também poderão ser aproveitados.
A necessidade de expansão do número de doadores foi discutida no último final de semana em reunião da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). A idéia é aproveitar órgãos dos chamados "doadores limítrofes", indivíduos com morte encefálica que têm idade avançada ou que apresentam enfermidades.
Avaliado caso a caso, alguém que teve diabetes, por exemplo, poderia doar seu rim a outro diabético na fila. Alguém mais velho poderia receber o fígado de alguém com idade avançada.
Uma comissão de especialistas vai revisar estudos internacionais sobre transplantes com esses doadores. A presidente da ABTO, Maria Cristina de Castro, disse que, após a avaliação, os médicos criarão diretrizes para definir qual o limite de cada órgão para ser viável seu uso em transplantes.
O diagnóstico deve ser concluído em seis meses e ficará disponível na internet como um guia para orientar médicos na hora de avaliar se o órgão não-ideal está apto para o transplante. "Hoje sabemos de pessoas acima de 50 anos com hipertensão leve, por exemplo, que, desde que a doença não tenha comprometido alguns órgãos, podem doar o rim e o coração", explicou. Atualmente, de acordo com a ABTO, quando ocorre morte cerebral, em apenas 25% dos casos os órgãos podem ser doados.
Para que ocorra o transplante, é preciso que o paciente concorde em receber o órgão não-tradicional. Por isso os médicos querem criar normas éticas mais rígidas a fim de que o paciente tenha plena compreensão dos riscos e resultados.
O total de pessoas que aguardavam um transplante em julho deste ano é nove vezes maior do que o número de pacientes que foram submetidos a um transplante de janeiro a julho, segundo dados da ABTO. Nos casos de rim, a diferença é ainda mais alarmante: há 20 vezes mais pessoas na fila. Em julho, 33.243 pacientes esperavam um rim.


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