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Associação estuda aceitar diabético e idoso como doadores
ABTO quer flexibilizar regras para diminuir a fila de espera de órgãos; comissão vai analisar pesquisas internacionais
Projeto da entidade é aproveitar órgãos de "doador limítrofe", pessoas com morte encefálica que têm alguma enfermidade
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Pessoas com diabetes, pressão alta, doenças cardíacas e
hepatite B e C, entre outras
doenças, podem passar a ser reconsideradas como potenciais
doadoras de órgãos para diminuir a fila de espera por transplantes no Brasil. Órgãos de
pessoas mais idosas também
poderão ser aproveitados.
A necessidade de expansão
do número de doadores foi discutida no último final de semana em reunião da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). A idéia é aproveitar órgãos dos chamados
"doadores limítrofes", indivíduos com morte encefálica que
têm idade avançada ou que
apresentam enfermidades.
Avaliado caso a caso, alguém
que teve diabetes, por exemplo,
poderia doar seu rim a outro
diabético na fila. Alguém mais
velho poderia receber o fígado
de alguém com idade avançada.
Uma comissão de especialistas vai revisar estudos internacionais sobre transplantes com
esses doadores. A presidente da
ABTO, Maria Cristina de Castro, disse que, após a avaliação,
os médicos criarão diretrizes
para definir qual o limite de cada órgão para ser viável seu uso
em transplantes.
O diagnóstico deve ser concluído em seis meses e ficará
disponível na internet como
um guia para orientar médicos
na hora de avaliar se o órgão
não-ideal está apto para o
transplante. "Hoje sabemos de
pessoas acima de 50 anos com
hipertensão leve, por exemplo,
que, desde que a doença não tenha comprometido alguns órgãos, podem doar o rim e o coração", explicou. Atualmente,
de acordo com a ABTO, quando
ocorre morte cerebral, em apenas 25% dos casos os órgãos podem ser doados.
Para que ocorra o transplante, é preciso que o paciente concorde em receber o órgão não-tradicional. Por isso os médicos
querem criar normas éticas
mais rígidas a fim de que o paciente tenha plena compreensão dos riscos e resultados.
O total de pessoas que aguardavam um transplante em julho deste ano é nove vezes
maior do que o número de pacientes que foram submetidos
a um transplante de janeiro a
julho, segundo dados da ABTO.
Nos casos de rim, a diferença é
ainda mais alarmante: há 20 vezes mais pessoas na fila. Em julho, 33.243 pacientes esperavam um rim.
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