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Hospitais podem ficar sem estoque de imunoglobulina a partir de amanhã
CONSTANÇA TATSCH
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 200 pacientes do
Hospital das Clínicas de São
Paulo que necessitam de imunoglobulina humana endovenosa devem ficar, a partir de
amanhã, sem o tratamento. Os
estoques do hospital, assim como os de todo o país, estão no limite, pois o medicamento é importado e está em falta no mercado mundial.
A imunoglobulina é usada no
tratamento de diversas imunodeficiências. Sem o medicamento, cada caso deve ser analisado pelos médicos em busca
de alternativas. Outros tipos de
imunoglobulina ainda podem
ser encontrados, mas também
têm prazo para acabar.
Para o diretor-executivo do
Instituto Central do HC, Waldemir Rezende, faltou "agilidade" ao Ministério da Saúde.
"Era uma crise anunciada. Tudo que depende de um outro
país te faz refém", diz ele.
A falta da imunoglobulina
ocorre porque os Estados Unidos, principal exportador de
plasma sangüíneo -matéria-prima do medicamento-, suspenderam as vendas. Assim, os
laboratórios deixaram de fazer
a imunoglobulina, e o governo
federal não encontrou mais o
produto para a venda.
A professora Maria Lígia
Fernandes Santiago, 58, está
entre os pacientes que correm
o risco de ficar sem a imunoglobulina. Ela sofre de uma doença
rara chamada de neuropatia
axonal crônica e, em setembro,
havia perdido todo o movimento da perna direita. Foi quando
começou o tratamento com o
medicamento. Passados três
meses, ela já consegue andar
com andador e precisa de, pelo
menos, mais três meses de tratamento. "Estou preocupadíssima porque, se não tiver o remédio, pode regredir tudo o
que já melhorou. Não sei o que
vai acontecer", afirma.
Medidas
O Ministério da Saúde explica que, em setembro, quando o
Brasil fez a última compra do
medicamento, já não encontrou a quantidade de que precisava. Desde então, a pasta encaminhou ofícios para as secretarias estaduais de Saúde pedindo a contenção do uso da imunoglobulina 5g. Até ontem, nenhum Estado havia zerado seu
estoque do produto. Caso necessário, o ministério tem estoque de emergência.
Na última sexta-feira, foi
aberto um pregão eletrônico
para a compra do produto, que
deverá acontecer no dia 6. O
ministério, com a ajuda da Organização Pan-Americana de
Saúde, identificou um fornecedor internacional da imunoglobulina apto a participar. Formalizada a compra, o fornecedor terá 30 dias para a entrega,
mas será solicitada urgência.
O ministério também afirma
que vem tomando medidas para evitar que o problema se repita a médio e longo prazo. No
início de 2007 deverá ser publicado um edital de licitação internacional para contratar uma
empresa que fracione o plasma
brasileiro e produza a imunoglobulina. Assim, o país não será mais dependente de plasma
estrangeiro.
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