São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Equilíbrio de contas marcou mandato de reitora

DA REPORTAGEM LOCAL

Assuntos financeiros dominaram os quatro anos da gestão da reitora Maura Véras. Ao assumir em 2004, ela encontrou a PUC-SP com atraso no pagamento de professores, alto endividamento e déficits mensais. Agora, a universidade tem gastos equilibrados e pagamentos em dia, mas a dívida bancária está ainda maior e o quadro de professores, 25% menor -reflexo das demissões que buscaram equilibrar as contas.
Ainda no período, a Arquidiocese de São Paulo aumentou seus poderes na universidade para acompanhar a negociação e o pagamento da dívida (passou a ter maioria na mantenedora) e houve entrada da PM no campus para acabar com um protesto estudantil, o que não ocorria há 30 anos.
"Foram quatro anos duros, mas demos um salto no controle econômico e financeiro, sem perder a excelência acadêmica", afirma Véras, 66.
"Agora, a situação está controlada, mas é preciso manter o cuidado. A dívida ainda é muito grande", diz o curador de Fundações do Ministério Público Airton Grazzioli, que acompanha as contas da PUC.
Academicamente, durante os quatro anos, a instituição teve a criação de nove cursos de graduação e a abertura de dois campi (Santana e Barueri).
Na recente avaliação divulgada pelo MEC, foi considerada a melhor universidade particular de São Paulo.
Véras termina o mandato sob críticas das entidades representativas dos professores e funcionários (respectivamente a Apropuc e a Afapuc).
"Quatro anos de retrocesso para a PUC-SP", é o título de um texto da última edição do jornal das duas associações. A principal reclamação é que não houve diálogo suficiente.
Das três chapas derrotadas na eleição, duas eram encabeçadas por docentes com participação na atual reitoria.

A dívida
Quando Véras assumiu, a PUC operava com déficit mensal de R$ 3 milhões (a receita bruta era de R$ 282 milhões).
Em comunicado divulgado neste mês, a reitoria afirmou que sucessivos reajustes salariais estão "diretamente ligados ao fundamento da crise".
A escola devia R$ 56 milhões, para 14 bancos. A instituição passou a ter dificuldades para conseguir novos empréstimo.
Por isso, a reitoria decidiu concentrar a dívida em dois bancos e ganhou um período de 14 meses sem pagar a dívida.
A universidade, porém, não conseguiu acabar com os déficits mensais -o que feria cláusula do contrato com os bancos.
No final de 2005, coordenado pela reitoria, começou a primeira fase de demissões. Como o ajuste não foi suficiente, a Igreja (avalista da dívida) tomou a frente e demitiu os docentes que faltavam para que o déficit terminasse. Com as despesas rescisórias, a dívida bancária chegou a R$ 125 milhões (aumentada também pelos déficits mensais no período). (FT)


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