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Corredeiras em Socorro poderão ter usinas hidrelétricas
Comerciantes e moradores da região temem que projeto possa afetar o turismo esportivo nas cachoeiras da cidade
Empresa de Goiânia quer construir cinco miniusinas na divisa entre São Paulo e Minas Gerais para vender energia elétrica no mercado
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Socorro (134 km de São Paulo) é uma cidade que descobriu,
na última década, a indústria
do turismo de aventura. Uma
vocação que, segundo um grupo de empresários da região,
está ameaçada.
O motivo é ambiental. Existe
um projeto para a construção
de cinco miniusinas na divisa
entre São Paulo e Minas Gerais.
Cada central vai gerar até 1
MWh de energia, o suficiente
para abastecer aproximadamente 8.000 habitantes.
A Toctao engenharia, empresa de Goiânia, dona do projeto,
nega qualquer impacto para a
região. A ideia da firma é vender energia para o sistema convencional de distribuição.
Apesar de apenas um projeto
estar localizado em Socorro,
João Gabriel Tannus, ambientalista e empresário, afirma que
o pacote de usinas deve ser analisado em conjunto. "Todas estão na mesma bacia", afirma.
Hoje, o projeto suscita duas
questões muito prementes para os empresários de Socorro.
Uma delas diz respeito a vazão
que os rios vão ter após a instalação das usinas.
"No período seco, é possível
que o rio Cachoeirinha [para
onde estão projetadas duas das
cinco usinas], por exemplo, tenha sua vazão muito reduzida,
o que inviabilizaria as atividades turísticas praticadas na região", diz Tannus.
Apesar de boa parte das áreas
impactadas não serem usadas
ainda para o turismo atualmente, os empresários dizem que
todas as corredeiras e cachoeiras da área, por causa de sua
"beleza cênica", têm um grande
potencial turístico.
"Não somos contra as usinas,
mas por que elas serão feitas
exatamente aqui? Esse projeto
não combina com o turismo de
aventura", afirma Sebastião
Ginghini, hoteleiro na região.
Em Socorro são praticados
esportes como o rafting, a canoagem e o boiacross. O outro
medo dos empresários é que
essas atividades, no futuro, acabem sendo freadas.
A cidade tem hoje 45 pousadas e hotéis atrelados ao turismo. Por ano, ela recebe 500 mil
turistas. O movimento do setor,
segundo a prefeitura, chega aos
R$ 40 milhões por ano. E, em
termos de emprego, 1.500 pessoas trabalham diretamente
com as atividades turísticas.
O projeto funciona da mesma forma em todos os casos.
Em alguns deles, corredeiras e
cachoeiras poderão sumir em
definitivo.
A primeira construção, a partir da nascente do rio, é a da
barragem, que vai inundar pequenas áreas por causa do porte pequeno das centrais. Os lagos que vão se formar terão até
800 metros quadrados.
Neste ponto é que o rio é desviado por um canal artificial. A
extensão dessa edificação depende da diferença de altura
que existe entre a barragem e a
casa de força, onde a energia da
usina será gerada pela água.
Quanto maior a altura, menor o comprimento do canal,
porque maior é a pressão. Os
terrenos de todas essas áreas
onde serão feitas as construções já foram comprados pela
empresa. Para a abertura dos
desvios, que terão até 1.500 metros de extensão, é preciso que
áreas paralelas ao rio também
sejam usadas.
Para tentar barrar a construção das miniusinas, representantes do setor de turismo de
Socorro, com ajuda da prefeitura, fizeram um abaixo-assinado
que já conta com mais de 12 mil
assinaturas.
O projeto das cinco usinas
ainda tem que ser aprovado pelos governos municipal e estadual antes de ser implantado.
Em Minas Gerais, diz a empresa Toctao, a resistência tem sido menor.
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