|
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
CONFRONTO NO RIO
Forças de segurança ocupam o ‘coração’ do tráfico no Rio
CERCA DE UMA HORA APÓS ENTRAR NO COMPLEXO, COMANDANTE DA PM DIZ:
‘VENCEMOS’ PARA ESPECIALISTAS, AÇÃO SÓ TERÁ RESULTADO SE FOR PERMANENTE
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Praticamente sem resistência dos traficantes, a polícia do Rio e as Forças Armadas dominaram em menos
de duas horas o Complexo do
Alemão, coração do Comando Vermelho, a maior facção
criminosa do Rio.
Das centenas de traficantes escondidos lá, 20 foram
presos e 3 mortos.
Pouco segundos antes das
8h, blindados começaram a
se movimentar em direção ao
interior da favela pela rua
Joaquim Queiroz, enquanto
centenas de homens entravam a pé por outros lados.
Pouco depois das 9h, o comandante da PM do Rio, Mario Sergio Duarte anunciou:
"Vencemos".
Os policiais esperavam
uma resistência sangrenta
por se tratar do principal reduto do Comando Vermelho,
facção temida até pelos outros grupos criminosos, com
um dos maiores arsenais cariocas. E reforçados pelos traficantes que fugiram da Vila
Cruzeiro na quinta.
Dois sinais foram a recusa
à proposta de rendição pacífica, anteontem, e a troca de
tiros por duas horas, na sexta, dia do cerco ao complexo.
Ontem, quando os policiais se posicionavam numa
avenida para iniciar a ação,
às 6h58, houve troca de tiros.
Ao iniciar a subida à favela, os policiais civis e federais
demonstravam tensão. Subiram no morro andando, sem
carros blindados.
Logo nos primeiros metros, começou nova troca de
tiros. Helicópteros da polícia
davam apoio ao grupo com
voos rasantes e com disparos
em direção ao morro.
Em seguida, vieram os
blindados da Marinha e homens do Bope. Eles subiram
por outras ruas destruindo os
bloqueios montados há anos
pelo tráfico, como trilhos de
ferro cravados no asfalto e
blocos de concreto.
Ao todo, entre policiais e
homens das Forças Armadas, foram 2.700 pessoas,
além de veículos blindados
de guerra e armas de vários
tamanhos e calibres.
Um sinal de fumaça no topo do morro era o sinal que
ele estava retomado.
Às 14h, um helicóptero
com um bandeira do Brasil
sobrevoou o complexo. Policiais civis hastearam a bandeira nacional e outra da Polícia Civil -depois trocada
pela do Estado do Rio- no alto do morro. Era a coroação
da vitória.
"Aqui era a fortaleza, o coração da facção maior (CV),
com maior poder de fogo, da
facção que tinha interesse
em dominar as outras facções. Essa era a mais esperada de todas as missões", disse o comandante da PM.
Para especialistas, a ação
só terá resultado se a ocupação pelo Estado do complexo
de favelas for permanente.
De acordo com a polícia,
os traficantes fugiram deixando armas e drogas.
Os policiais disseram que
parte dos criminosos ainda
poderia estar dentro da favela e, por isso, o cerco ao morro deveria permanecer por
tempo indeterminado.
A PM realizou buscas de
casa em casa. Moradores reclamavam de invasões pela
polícia, que não foram não
autorizadas pelo morador.
A operação foi desencadeada após série de atentados ocorridos na cidade desde o dia 21, com 106 veículos
queimados. Ontem, não houve nenhum ataque.
Próximo Texto: Confronto no Rio: Fuga de chefe do tráfico faz seus aliados debandarem Índice | Comunicar Erros
|