São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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CONFRONTO NO RIO

Fuga de chefe do tráfico faz seus aliados debandarem

Traficante Pezão teria escapado do Alemão no sábado

O principal nome do tráfico preso até ontem era Zeu, condenado como um dos assassinos do jornalista Tim Lopes

DO RIO

A fuga do chefe da venda de drogas no Complexo do Alemão, antes da ocupação ontem pela polícia, ajudou a minar a resistência de centenas de traficantes escondidos nas favelas naquela região da zona norte do Rio.
Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, escapou sem avisar seus pares, que foram surpreendidos com seu desaparecimento no sábado.
Os traficantes, que já estavam acuados em razão da clara supremacia bélica da polícia e das Forças Armadas, registraram uma debandada entre seus aliados quando se espalhou que seu principal chefe havia fugido.
Pezão não participou de reunião com mediadores que tentavam no sábado convencer os traficantes mais experientes a se renderem.
Testemunhas relataram diálogo entre dois chefes de tráfico: "Chama seu bonde para formar com a gente", pediu um. " Do meu bonde, só sobrou eu", disse outro.
A polícia busca confirmação da fuga de Pezão por temer que os relatos visem tirar o foco das buscas. Sua casa foi vasculhada e não havia vestígios de sua presença.
Para policiais, ele pode ter escapado disfarçado entre moradores. São poucas as fotos recentes dele e seu rosto é tido como de padrão comum entre os habitantes da favela.
O principal preso é Elizeu Ferreira de Souza, o Zeu. Condenado em 2002 pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, ele estava foragido desde julho de 2007, quando obteve permissão para visitar a família e não retornou.
Sete foram condenados pelo crime. O líder do grupo, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e mais cinco estão presos. Zeu estava escondido em uma casa abandonada.
Cerca de 20 foram presos, entre eles Emerson Ventrapane da Silva, o Mão, um dos supostos chefes do Comando Vermelho, e Filé, que trazia o nome de Fernandinho Beira-Mar tatuado no braço.
O eletricista Ivanildo Dias Trindade, 55, entregou o filho Carlos Augusto Trindade, conhecido como Pingo, por temer que ele fosse morto.
Houve três mortes de supostos traficantes na operação -sem documentos, não tinham sido identificados.

BALANÇO
Segundo dados oficiais preliminares, foram apreendidos 40 toneladas de maconha, 200 kg de cocaína, 10 kg de crack, 500 frascos de lança-perfume, além de 50 fuzis, 9 metralhadoras ponto.30, 10 mil munições, 50 coletes, balanças e uma prensa.
(PLÍNIO FRAGA, FÁBIA PRATES, ELVIRA LOBATO, LUIZA SOUTO, FERNANDO MAGALHÃES, DENISE MENCHEN E FELIPE CARUSO)


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